Toda discussão teológica é do Diabo?


De vez em quando leio comentários de cristãos nas mídias sociais dizendo, "eu sou mais a Bíblia, eu só quero Jesus, esse negócio de discussão doutrinária só divide a igreja, é coisa de homem e do diabo".

É claro que eles estão certos se a discussão doutrinária for movida por interesse mercenários e pela luta pelo poder. Todavia, este tipo de juízo generalizado revela uma falsa piedade enorme e uma ignorância ainda maior.

Se hoje estes queridos têm a Bíblia no Brasil para ler em português e conhecem o Jesus que ela ensina é por que:
  • A Igreja reconheceu os 66 livros somente depois de muita polêmica contra Marcião e Montano no séc. II a III; sem isto, nem Bíblia teríamos ou então, uma mutilada; 
  • Os Reformadores quebraram o pau na Idade Média para dizer que a Bíblia é a revelação final de Deus e com isto conseguir que ela voltasse para as mãos do povo;  sem isto, estaríamos escutando missa em latim até hoje e sem uma Bíblia em nossa língua para conferir;
  • Comitês de tradução brigam e disputam teologia para saber qual a melhor tradução do grego e hebraico para o português; imagino que estes irmãos "piedosos" não lêem nem grego e nem hebraico e que dependem do português para ler a Bíblia;
  • Teólogos e mestres crentes lutaram e brigaram contra os liberais para que as igrejas ficassem com o Evangelho puro acerca de Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Sem estas disputas teológicas, estaríamos reverenciando um Jesus diferente daquela da Bíblia.

Portanto, acho que estes irmãos estão simplesmente cuspindo no prato em que comem todo dia, ao condenar as disputas teológicas ao mesmo tempo que lêem sua Bíblia em português.

Augustus Nicodemus Lopes

7 comentários:

  1. Que muitos cristãos genuínos possam ler esse artigo. Só é triste ver que essas discussões levaram muitas vezes à morte dos outros como é o caso da Igreja Romana com a inquisição e os próprios reformadores que cometeram a mesma coisa condenando os hereges. Embora os reformadores cometessem esses erros, eles produziram bons frutos trazendo muitas pessoas à verdade. Glória a Deus!!

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  2. a) E os frutos que a Igreja Católica tem produzido para crescimento espiritual, em busca das coisas do alto, apesar de muitos de seus membros ter cometido erros deploráveis?

    b) Esse negócio de que discussão teológica é "coisa do diabo" é que é coisa do Diabo, sem aspas mesmo!

    c) Gostaria de comentar um caso do cânon: A Igreja NUNCA sancionou os 66 livros como Canon final. Se por "Igreja" o Dr. Augustus Nicodemus se refere à época pós-Reforma, dentro do Protestantismo, aí sim.

    Até mais.

    Até mais.

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  3. Mas,

    como refere-se a "depois de muita polêmica contra Marcião e Montano no séc. II a II"(grifo meu), então a afirmação não procede.

    Ate mais.

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  4. Amigo irmão hoje eu acredito que o muito saber a alguns homens,leva-os a desviarem-se da verdadeira verdade e do amor que Ela encerra, ter um curso de teologia é bom mas não é tudo, o saber sem o viver, não leva a lado algum.É bom ter conhecimento, mas é melhor viver esse conhecimento, Ensinar sem viver esse ensino é moinha que o vento espalha.Um abraço, e que nossos olhos estejam sempre na vida de Cristo, vivida por nós.

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    1. Sim, o conhecimento não deve ser um fim em si mesmo e devemos conhecer na medida da fé que Deus distribuiu a cada um. Porém, o conhecimento bíblico e teológico é necessário e de certa forma até inevitável.

      Pois é impossível ser cristão sem ser teólogo.

      Em Cristo,

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    2. É melhor viver esse conhecimento... Mas é impossível viver o que não se conhece!!!

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  5. Na igreja que tenho comunhão, a teologia não é bem vista, mas creio que é porque relamente não a conheçam e com um zelo exagerado pensam que a teologia destruiria a pureza do evangelho. É uma opnião formada por ver vários "teólogos" ou "teologias" com doutrinas berrantes e teologias como da prosperidade que vem causar isso, mas espero poder mostrar aos meus ir~mãos que da mesma forma que existem pastores e pastores, também existem teólogos e teólogos.

    Em Cristo

    Márcio

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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