Expiação penal substitutiva

Refletindo o pensamento básico dos reformadores, o evangelicalismo afirma a ideia da substituição penal para explicar o significado da morte de Cristo. Declara que Cristo suportou em nosso lugar a total penalidade que deveríamos pagar. Ou seja, sua morte foi vicária, totalmente em favor dos outros. Significa que Ele sofreu, não meramente para nosso benefício ou vantagem, mas em nosso lugar (gr. anti - "ao invés de", como em Mc 10.45 e 2 Co 5.14).

O Novo Testamento jamais emprega a expressão "substituição penal", mas de todas as teorias esta parece representar mais adequadamente os ensinos da Bíblia. Leva a sério a Bíblia, que retrata a santidade e a justiça de Deus expressa na sua ira judicial. Considera plenamente o que a Bíblia diz a respeito de nossa depravação e a consequente incapacidade de nos salvarmos. Aceita literalmente as declarações que dizem tipologicamente (no sistema sacrificial), profeticamente (nas predições diretas) e historicamente (no registro do Novo Testamento) que Cristo "tomou o nosso lugar".

Devemos expressar com cuidado esta opinião, porque nem todos concordam com a teoria da substituição penal. Podemos responder a algumas objeções, como as seguintes:

1. Sendo que o pecado não é externo, pode ser transferido de uma pessoa para outra? Fazer assim seria, na realidade, imoral. Entenda-se, porém, que não se trata de uma transferência mecânica de pecados, mas da identificação (a raça pecaminosa) que Cristo assumiu conosco, e diminuir-se-á a intensidade da objeção. Cristo tornou-se igual a nós, mas sem pecado. Seria possível, então, dizer também que é imoral a transferência da justiça de Cristo a nós? Precisamos compreender que Deus é o sacrifício. Em Jesus, Deus assumiu a culpa e suportou a penalidade.

2. A teoria da substituição penal subentende um conflito na Deidade: Cristo, Salvador amoroso, precisa arrancar o perdão do punho cerrado de um Pai irado, cuja justiça está acima do seu amor. A verdade, porém, é que as Escrituras claramente excluem essa dupla objeção. O Pai amou tanto ao mundo que enviou o Filho. João diz: "Nisto está a caridade: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados" (1 Jo 4.10). João 3.36 diz: "Aquele que crê no Filho tem a vida eterna, mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece". O amor e a ira aparecem juntos com relação ao envio de Jesus a Terra. Nenhuma dessas qualidades aparece acima da outra.

3. A teoria da substituição minimiza a livre graça de Deus ao sugerir que Ele não perdoaria, e realmente não poderia perdoar, a não ser que fosse aplacado por um sacrifício. Embora haja nesta objeção alguma verdade, é falha por não reconhecer que a obra expiadora de Cristo é o próprio perdão de Deus, onde Ele demonstra que é perdoador e que realmente perdoa. Os que levantam objeções à teoria da substituição penal precisam reconhecer as implicações de semelhante decisão. Quem realmente suporta a penalidade pelo pecado: Cristo ou nós? Precisamos decidir entre os dois caminhos da redenção. O Cristianismo é uma religião de redenção? Se não for, onde está a nossa esperança? Caso afirmativo, fica implícita a substituição.

Daniel B. Pecota
In: Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal

Um comentário:

  1. Gostaria de entender como Unitárianos e Unicistas, enxergam a Expiação? Pois se há uma deidade inferior, ou somente um deus monopessoal fazendo a propiciação dos nossos pecados, não se pode falar que o Deus Todo Poderoso esteja essencialmente envolvido na expiação?

    Gostaria de tirar esta duvida.

    .::::Bryan::::.

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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