Pastoras pelo casamento

Em minha denominação (O Brasil Para Cristo) há um movimento em favor da aprovação da ordenação de mulheres ao ministério pastoral. Por ser minoria, o movimento não tem logrado êxito em aprovar na Assembleia Nacional a sua petição, que aliás sofre grande rejeição por parte da maioria dos ministros. Em vista disso, tem sido adotada uma estratégia no mínimo sorrateira para tornar o termo pastora mais palatável no arraial brasilparacristiano: atribuir o título de pastora às esposas de pastores. De uma hora para outra, centenas de mulheres viraram pastoras e são assim distinguidas nas congregações e em congressos, simplesmente por terem se casado com pastores.

As razões apresentadas geralmente são três. São esposas de pastoras, logo, compartilham do ministério de seus maridos. Elas exercem funções que são próprias ao ministério pastoral, logo, são pastoras. E, finalmente, participam das agruras ministeriais de seus maridos, então é justo que sejam honradas tal qual eles são com o título de pastor.

Em relação ao primeiro argumento, é bom que se diga que a chamada para o ministério é pessoal ou melhor dizendo, individual. Pedro era casado, mas quando foi chamado para o apostolado, o chamado dizia respeito a ele somente. Mesmo que sua esposa a acompanhasse em suas viagens ministeriais, não era apóstola nem era chamada assim pela igreja. Paulo ao referir-se ao fato de Pedro e outros oficiais se fazerem acompanhar de suas esposas, não as chama de pastoras. “Porventura não temos o direito de levar conosco uma crente como esposa, como também os outros apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas?” (1Co 9:5). O fato de serem esposas de apóstolos não as distinguia como apóstolas. Elas são “uma crente esposa”, ou mais literalmente, “uma irmã esposa”. O casamento que faz homem e mulher uma só carne, não os torna um só ministério.

A mulher casada com um pastor não exerce por isso a função pastoral. Embora possa exercer na igreja algumas atividades que seu marido pastor também exerce, ela não faz na condição de pastor. É justo e ordenado que ela ensine as mulheres mais jovens, pois Paulo ordena “que instruam as mulheres moças a amarem seus maridos e seus filhos” (Tt 2:4). Podem e devem seguir o exemplo de Eunice que ensinou seu filho ao qual Paulo disse “desde a infância sabes as sagradas letras que te podem instruir para a salvação pela fé que é em Cristo Jesus” (2Tm 3:15). Porém, o mesmo Paulo vedou a elas o ensino autoritativo na congregação, atribuição do pastor: “não permito à mulher que ensine, nem que tenha domínio sobre o homem” (1Tm 2:12). Outros homens na congregação desenvolvem ministérios que se assemelham em aspectos ao ministério pastoral, mas nem por isso são ou devam ser chamado de pastores.

Alega-se, ainda, que ser esposa de pastor exige sacrifícios extras e que por isso é justo que ela seja honrada com o nome de pastora. Porém, alguma coisas devem ser ditas em relação a isso. A primeira, é que o termo pastor (e seus equivalentes presbíteros e bispos) não se refere a títulos honoríficos nas Escrituras, mas a função que essas pessoas exercem. Apóstolo, pastores, bispos, presbíteros etc. nunca aparecem antecedendo o nome da pessoa, como em títulos, mas sempre depois deles, como as funções. Em segundo lugar, se sofrimento e sacrifício rendesse título, o mais apropriado seria o de mártir, e não de pastor. Em terceiro lugar, não é apenas a esposa do pastor, mas toda a família afetada pelo ministério. Os filhos também o são, mas nem por isso devem ser chamados de pastorzinhos na igreja. Na lista de qualificações para o pastorado consta “que saiba governar bem a sua casa, tendo seus filhos em sujeição com todo o respeito” (1Tm 3:4), ou seja, esposa e filhos afetam e são afetados pelo ministério do marido e pai, mas não a ponto de reinvidicarem serem honrados ou distinguidos na igreja com títulos.

Disso tudo se desprende que é incabível esposa de pastor serem chamadas de pastora. A intenção disso é distinguir entre irmãos na igreja, o que é sempre danoso ao Corpo. Temos funções diversas, pois o Espírito nos usa com uma diversidade de dons, ministérios e operações, conforme Ele quer. Mas jamais devemos nos basear nisso para distinguirmos entre irmãos, pois isso, no dizer de Paulo, é pura carnalidade. Nenhum tratamento é mais honroso e deve ser mais almejado do que ser chamado de irmão e irmã.

Soli Deo Gloria

13 comentários:

  1. A Paz do Senhor irmão Clóvis,

    Concordo plenamente que esposa de pastor não poder ser pastora por tabela, e que o chamado é individual. Mas qual seu posicionamento em relação ao pastorado feminino, independente de se ser esposa de pastor?

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    1. Soninha,

      Desculpe a demora da resposta. O tempo anda meio corrido.

      Mas minha posição sobre a ordenação de mulheres pode ser lida no artigo "Você é a favor da consagração de mulheres ao pastorado?".

      Fique à vontade para comentar, concordando, discordando ou acrescentando o que achar cabível.

      Em Cristo,

      Clóvis

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  2. Clóvis, Paz do Senhor!

    Você é da OBPC de onde? Eu também sou OBPC!

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  3. Soninha,

    Nesta semana estou trabalhando num local sem acesso à internet. Assim que voltar eu respondo sua pergunta, pois acredito que minha resposta vai requerer alguma fundamentação.

    Em Cristo,

    Clovis

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  4. Micheline,

    Que prazer te conhecer (virtualmente). Sirvo ao Senhor na OBPC em Medianeira, PR. E você, de onde é?

    Em Cristo.

    Clóvis

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  5. Sou da OBPC em Recife.
    Graça sobre graça!

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  6. Francamente!!!!! De onde se tirou essa ideia de pastora?? Ser evangélico é muito bom, mas aparece cada invenção que é brincadeira...

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    1. O costume de nominar pastoras esposas de pastor é recente. Mas parece que está se tornando um hábito não apenas na minha denominação.

      Em Cristo,

      Clóvis

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  7. Se essa moda pega as esposas de médicos serão médicas e assim por diante...rs Cada uma. Na verdade estas coisas já vem de muito tempo, pois o feminismo acabou adentrando nas igrejas.
    Em Cristo,
    Tom Alvim.

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  8. Esposa de Pastor

    Ivone Boechat

    Uma flor nasce solidária,
    no coração do pastor!
    decisões, desafios
    ministérios, encantos,
    exalam desta belíssima flor.
    A mulher do pastor,
    é flor sempre pronta
    a compartilhar o perfume
    do amor, da coragem, da fé...
    mesmo frágil faz-se forte,
    enfrenta vendavais
    de vida e morte,
    sem se curvar,
    de pé.
    Esposa de pastor,
    força inabalável...
    se jogada ao chão,
    ergue-se forte,
    ressurge, amável,
    cresce
    no coração.
    Esposa de pastor,
    flor de vida
    gloriosa,
    não brota em
    qualquer jardim,
    semente inigualável,
    precisa de cuidados;
    tem missão espiritual,
    precisa das orações,
    de carinhos sem fim
    para estar abençoando
    este ser especial.

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  9. Esposa do pastor

    Ivone Boechat

    Como traçar o perfil ideal da esposa do pastor? Não existe a menor dúvida de que se trata de uma pessoa muito especial. Mas como ser assim tão especial a ponto de atender às expectativas dos que voltam suas atenções para ela? Qual é a mulher considerada ideal?
    Acima de todas as decisões, a esposa de pastor deve, antes de tudo, colocar sua vida nas mãos do Senhor. Já, desde o namoro, ter a sensatez de somente casar-se, se tiver certeza de que poderá contribuir para ajudar a edificar o homem de Deus e viver de maneira tal que o mundo veja nela a mulher de um profeta.
    A esposa de pastor não é pastora. Não tem a obrigação de revestir-se das atribuições próprias do ministério pastoral. Ela é parceira. O equilíbrio de ações, a coerência e a capacidade de discernir vão lhe dar a visão e o limite do território de sua participação na obra.
    Pastor é pastor. Ninguém pode cobrar da esposa o desempenho dessa função singular. São tantos os desafios da igreja que não faltará trabalho para ninguém, e como membro do corpo de Cristo, alguma atividade ou muitas poderão ser exercidas pela esposa do pastor
    Aí, sim, começam as críticas. A maioria espera que a esposa de pastor seja o máximo, a mulher dos sete instrumentos. Muitos instrumentos podem ser tocados por ela, sim: oração, hospitalidade, visitação, moderação, autocontrole, discrição, simplicidade, bondade. A lista é comum não só para a mulher do pastor, mas sim, para todos os crentes!
    É tempo de refletir sobre o assunto, assumindo-se a postura de cidadão celestial comprometido com a expansão do Evangelho. Quem está decepcionando pessoas, afastando-as da igreja, não é a televisão, mas o comportamento mundano de muitos que se especializaram em criticar e só criticar tudo, espalhando desilusão. Comportam-se mais ou menos assim:
    – Sabe aquela esposa de pastor que não faz nada na igreja?
    – Como não faz nada?
    – Não canta, não dirige uma classe, não faz palestras...
    Para esse tipo de crente, fazer alguma coisa na igreja significa, em resumo, isto e nada mais. Visitar os enfermos, evangelizar, hospedar as visitas da igreja, costurar para os pobres, aconselhar o tempo todo, não atrapalhar em hipótese alguma o ministério do pastor, cooperar com ele em tudo, principalmente como esposa compreensiva de suas ausências na família, então não significa nada?Ela pastoreia o pastor, é confidente dele, consoladora, amiga e ai daquele pastor que não tem uma mulher assim. Coitado.
    A esposa do pastor assume, infinitas vezes, sozinha, o comando da casa, a educação dos filhos, a solução de problemas para que seu marido possa dedicar-se integralmente à igreja. Grandioso ministério!
    Se você conhece alguma esposa de pastor "que não faz nada na igreja", comece você a fazer alguma coisa: ore por ela. O ministério da oração é um grande ministério.

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  10. Esposa do pastor

    Ivone Boechat

    Como traçar o perfil ideal da esposa do pastor? Não existe a menor dúvida de que se trata de uma pessoa muito especial. Mas como ser assim tão especial a ponto de atender às expectativas dos que voltam suas atenções para ela? Qual é a mulher considerada ideal?
    Acima de todas as decisões, a esposa de pastor deve, antes de tudo, colocar sua vida nas mãos do Senhor. Já, desde o namoro, ter a sensatez de somente casar-se, se tiver certeza de que poderá contribuir para ajudar a edificar o homem de Deus e viver de maneira tal que o mundo veja nela a mulher de um profeta.
    A esposa de pastor não é pastora. Não tem a obrigação de revestir-se das atribuições próprias do ministério pastoral. Ela é parceira. O equilíbrio de ações, a coerência e a capacidade de discernir vão lhe dar a visão e o limite do território de sua participação na obra.
    Pastor é pastor. Ninguém pode cobrar da esposa o desempenho dessa função singular. São tantos os desafios da igreja que não faltará trabalho para ninguém, e como membro do corpo de Cristo, alguma atividade ou muitas poderão ser exercidas pela esposa do pastor
    Aí, sim, começam as críticas. A maioria espera que a esposa de pastor seja o máximo, a mulher dos sete instrumentos. Muitos instrumentos podem ser tocados por ela, sim: oração, hospitalidade, visitação, moderação, autocontrole, discrição, simplicidade, bondade. A lista é comum não só para a mulher do pastor, mas sim, para todos os crentes!
    É tempo de refletir sobre o assunto, assumindo-se a postura de cidadão celestial comprometido com a expansão do Evangelho. Quem está decepcionando pessoas, afastando-as da igreja, não é a televisão, mas o comportamento mundano de muitos que se especializaram em criticar e só criticar tudo, espalhando desilusão. Comportam-se mais ou menos assim:
    – Sabe aquela esposa de pastor que não faz nada na igreja?
    – Como não faz nada?
    – Não canta, não dirige uma classe, não faz palestras...
    Para esse tipo de crente, fazer alguma coisa na igreja significa, em resumo, isto e nada mais. Visitar os enfermos, evangelizar, hospedar as visitas da igreja, costurar para os pobres, aconselhar o tempo todo, não atrapalhar em hipótese alguma o ministério do pastor, cooperar com ele em tudo, principalmente como esposa compreensiva de suas ausências na família, então não significa nada?Ela pastoreia o pastor, é confidente dele, consoladora, amiga e ai daquele pastor que não tem uma mulher assim. Coitado.
    A esposa do pastor assume, infinitas vezes, sozinha, o comando da casa, a educação dos filhos, a solução de problemas para que seu marido possa dedicar-se integralmente à igreja. Grandioso ministério!
    Se você conhece alguma esposa de pastor "que não faz nada na igreja", comece você a fazer alguma coisa: ore por ela. O ministério da oração é um grande ministério.

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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