O conceito de sagrado e profano para Manoel de Mello

A formação religiosa de Manoel de Mello era pentecostal tradicional, ensinada nas Assembleias de Deus, por onde passou e esteve por 20 anos, entretanto com seu desligamento da igreja de sua conversão e adesão ao movimento missionário da Cruzada, ele foi também influenciado pela teologia e métodos utilizados pelos norte-americanos. Isso pode ser visto no nome que ele deu ao seu movimento (Cruzada), a ênfase dada ao elemento cura em suas pregações, ao uso de tendas para cultos, etc. O próprio uso de tendas para celebrações é uma evidência da influência exercida pelo movimento pentecostal de cura divina americano, pois na visão dos brasileiros dos anos 50, as tendas eram lugares de atividades circenses, portanto, para os grupos sectários, como a maioria dos pentecostais brasileiros naquela época, tratava-se de um lugar profano e com isso nenhum grupo conservador, que proibia até o uso do rádio, gostaria de ter a imagem de sua instituição vinculada a um lugar de práticas mundanas. Para aderir ao movimento das tendas, Mello tinha que mudar seu conceito religioso herdado de sua igreja de origem.

Pelas narrativas encontradas na biografia de Manoel de Mello percebe-se que ele havia rompido com muitos dogmas de sua antiga denominação. Sendo assim, ficou mais fácil para ele aderir a novas propostas pentecostais e redefinir seu conceito de lugar sagrado e profano.

Manoel de Mello acreditava que Deus não se importava com o lugar onde derramaria as suas bênçãos. Se o colar à disposição era aquele, então se transformava no lugar perfeito. Além disso, dizia que onde Deus está o mal tem que sair e, se Ele se manifestava naquele lugar mundano, nesse período aquele local era santificado. (MELLO, 2006, p.43)

Essa leitura do sagrado e do profano fez com que algumas amarras religiosas fossem rompidas, tornando-o um modelo de empreendedor pentecostal que não se detinha diante de obstáculos paradigmáticos, dandos-lhe a liberdade necessária para levar a cabo os seus planos de ganhar o Brasil Para Cristo, nem que para isso tivesse que usar o rádio, discriminado por muitos, e levar a turba a estádios de futebol ou outro lugar qualquer onde pudessem ouvir a mensagem de Deus e receber oração.

José Hélio de Lima
In: Manoel de Mello & Rádio: história da organização e expansão da Igreja O Brasil Para Cristo

2 comentários:

  1. Grande homem de Deus. Revolucionário, homem de visão que não temia as perseguições de uma ditadura naquela época. Muito obrigado ao grande homem de Deus que levou o evangelho a todo Brasil e fora dele.

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  2. Grande homem de Deus. Revolucionário, homem de visão que não temia as perseguições de uma ditadura naquela época. Muito obrigado ao grande homem de Deus que levou o evangelho a todo Brasil e fora dele.

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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