Deus seria justo se condenasse os que nunca ouviram o evangelho?


"Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer nome do Filho Unigênito de Deus" Jo 3:18
A expressão "condenado segundo a acusação" aplica-se a toda a raça humana, não havendo a menor esperança para ser humano algum, a não ser que o Rei lhe conceda perdão. É muitíssimo importante que João 3.18 esteja logo depois de João 3.16, que fala do amor de Deus pelo mundo, e do dom de seu Filho, cuja morte expiatória é suficiente para salvar qualquer crente, todos os remidos, os autênticos cristãos, livrando-os da morte eterna que por si mesmos merecem.

Esse parágrafo de João 3 deixa bem claro que sem Cristo não há salvação. É como o próprio Jesus disse a Tomé: "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai a não ser por mim" (Jo 14.6).

Às vezes alguém que refugiu do conceito evangélico da condição desesperadora da humanidade perdida, revive a esperança de que talvez haja um segundo caminho para o céu, além de Cristo: "Se uma pessoa que jamais teve a oportunidade de ouvir o Evangelho viver segundo a luz que lhe houver sido dada, e sinceramente procura a Deus, é certo então que tal pecador não está condenado ao Inferno, por causa da ausência de uma testemunha missionária". Diversas observações precisam ser feitas a respeito dessa teoria, mostrando que ela não se sustenta à luz das Escrituras.

1. Existe uma implicação na declaração de que se o evangelho for apresentado a um grupo de pessoas, Deus se torna obrigado a apresentá-lo imediatamente ao resto da humanidade, sem o concurso da agência humana. Se a mensagem veio aos discípulos de Cristo, ou aos judeus da Palestina, no Pentecostes, então Deus tem uma dívida para com o resto do mundo. A não ser que todas as nações em todas as partes da terra tenham igual acesso, e ao mesmo tempo, às boas-novas da morte expiadora de Cristo, Deus deve ser condenado como injusto. Esta é a implicação necessária da cláusula atenuante "aqueles que jamais tiveram a oportunidade de ouvir o evangelho", com suas insinuações de tons acusadores. Todavia, esse conceito deve ser analisado com máximo cuidado.

É o Evangelho uma questão da graça ou da obrigação, da parte de Deus? A Bíblia ensina com clareza que as boas-novas são uma dádiva divina: "Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores". (Rm 5.8). "Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé [...]" (Ef 2.8). Se, pois, o Evangelho é grátis e Deus não deve nada a ninguém (pois graça que é devida deixa de ser graça), como podemos, então, afirmar que Deus está proibido de levar as boas-novas de seu amor redentor a determinadas pessoas, a menos que todas elas, em todas as partes do mundo, ouçam a mesma mensagem, no mesmo momento, nas mesmas circunstâncias? Não diz o NT claramente que "Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo" (Rm 10.13)? A lógica inescapável em que se baseia o imperativo missionário contido na Grande Comissão prossegue: "Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não houver quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados?" (Rm 10.14, 15). Se os ímpios pudessem na verdade viver à altura das luzes que lhes foram dadas — isto é, as luzes da revelação natural — toda essa lógica entraria em colapso, e Romanos 10 deveria ser rejeitado como ensino falso, destituído de autoridade.

2. Se os incrédulos pudessem salvar-se mediante as luzes que receberam, a dedução lógica, necessária, significaria que as pessoas podem salvar-se pelas suas boas obras. Se isso fosse verdade, Cristo teria morrido em vão e estaria errado ao afirmar: "... ninguém vem ao Pai senão por mim" (Jo 14.6).

3. Se os ímpios podem salvar-se mediante a busca sincera de Deus da melhor maneira que souberem e puderem, temos aqui outra forma especial de boas obras; a graça se torna desnecessária. Porém, a menos que a Bíblia esteja errada, ninguém na face da Terra se salva desse modo; não existem ímpios salvos pela sinceridade de seus corações ignorantes. Romanos 3.10-12 (citando Salmo 14.1-3 e Eclesiastes 7.20), diz o seguinte: "...como está escrito: Não há nenhum justo sequer não há ninguém que entenda, ninguém que busque a Deus. Todos se desviaram, tornaram-se juntamente inúteis; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer". Muito bem, se não há uma única pessoa que busque a Deus sinceramente, não precisamos preocupar-nos com a injustiça de o céu estar fechado para os ímpios que sinceramente buscam a Deus. O próprio Deus está afirmando que tais pessoas simplesmente não existem e nunca existiram. E ainda que existissem, a boa obra de buscar a Deus de nada lhes adiantaria no que concerne à salvação. Só Jesus pode salvá-los.

4. Ninguém é condenado ao Inferno pela falta de testemunhas missionárias. A pessoa é conduzida à condenação pelos seus pecados. Ela é culpada de colocar-se a si mesma acima de Deus, pois esse é o principal interesse de seu coração e, nesse sentido, repete a escolha de Eva. Ela decidiu fazer o que mais lhe agradava, o que lhe era mais vantajoso, a ela e a seu marido, em vez de decidir fazer a vontade de Deus, o que o Senhor lhe havia ordenado. Ela deveria ter colocado o desejo de Deus em primeiro lugar em sua vida. Todos os seus descendentes que viveram até a idade de tomar decisões morais seguiram-na e fizeram a mesma escolha — todos, menos Jesus! A condenação sobrevém não da falha em não se ouvir o evangelho, mas da total transgressão de não se guardar o primeiro mandamento, o maior de todos: "Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de toda a tua força" (Dt 6.5; Mt 22.37).

À luz das quatro objeções que acabamos de apresentar, devemos concluir que ou os ímpios estão perdidos, e sem esperança, ou a Bíblia está completamente errada, precisando ser corrigida pelos teólogos que disponham de melhor visão do que a Palavra de Deus apresenta.

Gleason Archer
Enciclopédia de Temas Bíblicos

29 comentários:

  1. A bem da verdade, a Bíblia mantém silêncio acerca dos que não ouviram o Evangelho de primeira mão.

    Para todos os efeitos, por exemplo, não se sabe se os habitantes da China Antiga na época de Israel realmente não foram "evangelizados" - até porque provavelmente por causa das diásporas da época da tomada de Jerusalém, os judeus se espalharam pelo mundo e assim levaram o judaísmo a locais nunca dantes imaginados. Não podemos afirmar com 200% de certeza que a única forma de vir a Cristo é pela evangelização direta - Deus não está limitado a isto.

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  2. Credulo,

    Em geral, é admitido que Deus pode usar de meios extraordinários para salvar alguém, sem a pregação dos evangelho. Pensar diferente seria dizer que todas as crianças e os mentalmente incapazes não seriam salvos. Já ouvi a expressão "fator Melquisedeque", que é título de um livro (que não li) e que salvo engano, trata da questão de salvação de alguém por outra via que não a pregação direta do evangelho.

    Porém, acho que duas coisas deve ser ressaltada. A primeira, é que a salvação pode até ser sem a pregação do evangelho. Mas nunca é sem Cristo. Então uma revelação de Cristo é necessária. Outro ponto, esse é um meio extraordinário, sendo que, falando de maneira geral, os que não foram alcançados pelo evangelho estão perdidos. E, acima de tudo, jamais devemos pensar que Deus salva pela ignorância.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  3. De acordo com o argumento moral, ignorância já não existe. Como diria Paulo, toda pessoa sabe o que é certo e errado.

    Pode-se alegar ignorância quanto a Jesus, mas não quanto à moralidade.

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  4. A verdade expressa em João 3,18, por si, já lança luz sobre a questão da salvação dos que “nunca” ouviram falar de Cristo. Parece que o texto certamente refere-se àquele que não irá crer por culposa incredulidade. Ele não crê por culpa própria.
    Condenado: todos os seres humanos. Todos estão destituídos da glória (Rom 3,23). Sem Cristo não há salvação. Toda a salvação procede de Cristo. É uma verdade. É possível alguém que não conhece a Cristo ser salvo? Como ir a Deus sem Cristo? Como crer em Cristo sem ter sido ensinado a respeito dele? (Jo 14,6).
    Ausência de testemunha missionária. É uma explicação bastante convincente aquela que Gleason condena, não pela lógica em si, mas pela doutrina bíblica. Os textos menos claros são explicados pelos mais claros, não é mesmo? Pode-se pensar que a justiça de Deus não permite que alguém seja condenado por nunca ter ouvido sobre a salvação em Jesus Cristo.
    No entanto, o autor combate tal asserção. Que razões tem para apresentar?
    1. Estaria Deus obrigado a apresentar o Evangelho sem a intermediação dos pregadores? Obviamente, ninguém obriga Deus a nada. (Rm 10,14).
    Romanos 10 tem autoridade mesmo que seja verdade que a ‘luz da revelação natural’ sirva para aplicar os méritos de Cristo. A salvação vem de Cristo, de qualquer forma.
    2. As boas obras contam para o que tem fé. Já ouviram falar de fé implícita em Cristo? Penso que esse seria o conceito, de acordo com a Revelação.
    3. As boas obras somente são possíveis pela graça. Romanos 3,10-12 não contradiz a doutrina bíblica da salvação dos que sinceramente buscam a Deus. A graça torna isso totalmente possível. O texto fala do homem perdido em si mesmo. No momento em que recebe a graça e responde positivamente, esse busca a Deus! Nós que buscamos a Deus só o fazemos pela graça. Não existe ninguém capaz disso fora da graça divina. Portanto, aqueles da revelação natural são tocados pela graça. O problema aqui está posto nessa frase: E ainda que existissem, a boa obra de buscar a Deus de nada lhes adiantaria no que concerne à salvação. Só Jesus pode salvá-los.

    continua...

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  5. A afirmação do autor:“A pessoa é conduzida à condenação pelos seus pecados. Ela é culpada de colocar-se a si mesma acima de Deus, pois esse é o principal interesse de seu coração e, nesse sentido, repete a escolha de Eva.” faz lembrar um pouco da doutrina do espiritismo, que ensina que todos sofrem por causa do “carma”, resultado das ações de supostas vidas passadas (uma heresia)! De fato, cada homem no mundo sendo condenado por nunca ter ouvido sobre o Evangelho é algo parecido: é perdido por culpa própria, mas não pode conhecer a única possibilidade que Deus planejou para salvar os pecadores. É condenado de qualquer jeito, inconscientemente. É como a injustiça pregada pela doutrina da reencarnação, onde muitos sofrem mesmo nunca lembrando o motivo de estarem sofrendo! É óbvio que isso não é a doutrina calvinista, pois certamente dirão que os que nunca ouvirão Cristo e foram condenados sofreram isso por estarem foram do projeto da salvação, nenhum deles é um eleito!
    Parece que a comparação com Eva não se impõe: Eva estava sem pecado, totalmente na graça de Deus, pecando sem as sugestões da concupiscência, sem qualquer poder do Maligno, que apenas pode convencê-la de desobedecer livremente a Deus. Já toda a humanidade nasce em pecado, chegando ao uso da razão com uma natureza tocada profundamente pelo pecado, o que faz com que a escolha pelo mal seja diferente daquela de Eva!
    Não mostrei porque acredito que Gleason Archer está errado, mas apenas uma reflexão da sua posição contrária às explicações de tantos teólogos. Tentarei uma resposta bíblica abaixo.
    continua...

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  6. Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam (Hebreus 11,6).

    A Escritura afirma que as coisas invisíveis, o poder e a divindade podem ser vistas e conhecidas através da criação. E todos os homens tem essa revelação natural. Os pagãos não podem se escusar PORQUE conhecendo a Deus, não o glorificaram como Deus, nem Lhe deram graças (Romanos 1, 19-21).


    É o ensino da Palavra de Deus:

    1) A fé é o meio para agradar a Deus.
    2) É preciso crer PRIMEIRO) na Sua existência e SEGUNDO) que Deus dá prêmios aos que o buscam.


    É a fé em sentido lato, como explica Lucio Navarro. Os que tem essa fé, recebida de Deus, pois a fé é dom de Deus, podem AGRADAR a Deus. Isso é sinônimo de salvação.

    Se pela criação poder ter conhecimento de Deus (reconhecendo Sua existência e que Ele retribui a quem O procura) o homem vivendo de acordo com essa fé será salvo. A graça foi alcançada na cruz. Desse modo, quem está nessas condições certamente aceitaria o Evangelho se esse lhe fosse apresentado, tendo assim uma fé implicíta em Cristo, por CRER EM DEUS.

    Provavelmente são poucos os que se encontram em tal situação. Porém, só Deus sabe, e tudo encontra-se sob Seu governo.

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  7. Clóvis,


    Quanto ao texto de Archer estou em pleno concorde, visto que sou também – como todo cristão deveria ser, uma vez que o Evangelho o é - restritivista

    "Em geral, é admitido que Deus pode usar de meios extraordinários para salvar alguém, sem a pregação dos evangelho. Pensar diferente seria dizer que todas as crianças e os mentalmente incapazes não seriam salvos. Já ouvi a expressão "fator Melquisedeque", que é título de um livro (que não li) e que salvo engano, trata da questão de salvação de alguém por outra via que não a pregação direta do evangelho".
    Quanto este seu argumento tenho ressalvas [a menos que não o tenha compreendido bem]. Não que você não seja restritivista, mas, parece se opor a ele mesmo, quando diz que “é admitido que Deus pode usar de meios estraodrinários para salvar alguém, sem a pregação do evangelho”. Não discordo Dessa frase plenamente, e ela não se opõe diametralmente ao restritivismo. Porém, supor um meio extraordinário, à margem do meio pelo qual o próprio Deus desejou salvar as pessoas, ou seja, pela loucura da pregação do evangelho consiste em ir além das delimitações e do meio que o próprio Deus estabeleceu para salvar os pecadores. Se não há nas Escrituras ocasiões nas quais se vê Deus salvando alguém por outro meio além de sua mensagem, então não nos é mais sóbrio concluir, ao lado das passagens claras que dizem que Sem Cristo não há salvação – que Ele não decretou salvar ninguém por outros meios? Em que sentido então eu concordaria com seu argumento? Eu diria que Deus pode salvar, quando quer salvar, alguém sem a pregação do evangelho. Porém, por “sem pregação do evangelho” pressuponho a inexistência de pregadores do evangelho nas terras às quais, em razão dessa inacessibilidade chamamos de povos inalcançáveis, e o meio pelo qual Deus as salvará se assim o quiser, consistirá em lhes revelar o seu evangelho extraordinária e sobrenaturalmente. Logo, não seria o caso de antagonizar mensagem do evangelho com o evangelho em si, mas pregadores do evangelho com o evangelho. O que não se pode concluir pela palavra de Deus é que Deus salvará alguém sem o evangelho. Como você alinha essa sua conclusão à salvação de crianças e mentalmente incapazes parece que sua “concessão” se limita à esses dois casos, e se o for, parte do que disse acima poderia não ter sido escrito, mas vou deixar ai.
    Quanto àqueles que julgam ser possível haver salvação sem o evangelho, digo-lhes que embora seja atraente a visão segundo a qual Deus pode salvar os inalcançáveis por meios extríncicos à pregação do evangelho, creio que a atraência de uma tese não pode substituir a necessidade de robustez bíblica que se inquire para a mesma, à qual não há para aquela crença repugnante que diz haver salvação para alguém cujos ouvidos não ouviram o evangelho, doutra maneira, a pergunta de Paulo se veria sem producência:

    "Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue?"[Rom 10.14]

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  8. Com isso não quero afirmar que as crianças e os mentalmente incapazes estão todos condenados. Caso fizesse isso incorreria em meu próprio argumento, embora, reafirmo, não há nada de injusto se Deus decidisse assim o fazer; a questão é que não se pode concluir isso das Escrituras. Ainda, há outro argumento pelo qual se poderá articular uma solução para este problema [salvação de crianças e mentalmente incapazes], e o vi sendo apresentado por Piper junto de alguns refinamentos meus. O argumento procede. Segundo ele, que é restritivista como eu [logo o argumento não tenta se opor ao restritivismo, pelo contrário, busca manté-lo ao lado da convicção de que as crianças e mentalmente incapazes são todos salvos. Dessa forma, tais verdades não são auto-excludentes, como muitos presumem] as crianças e os mentalmente incapazes são salvos por não incorrerem no erro ao qual toda humanidade incorre:

    “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. [Rm 1. 19-21]

    Ao contrário do que muitos concluem deste texto, aqui Deus não apresenta um meio alternativa [para quem não conhece o evangelho] pelo qual ele pretende salvar pessoas que nunca ouviram o evangelho. Na verdade, há na passagem um julgamento em razão de uma supressão da verdade em troca da mentira. Deus se manifestou e a consciência interpretaria o ser de Deus por sua criação. Porém, os homens, ao invés de concluírem o VERDADEIRO DEUS pelas provas reais de sua existência, suprimiram tal verdade e se enveredaram em suas próprias concupiscências desenhando, segundo suas mentes ímpias seu próprio objeto de veneração. Logo, as inúmeras manifestações idólatras e sentimentos religiosos que a humanidade cultiva não são meios alternativos válidos à salvação. Nenhum deles. Antes, são as consequências das mentes empedernidas que se distanciaram de Deus e suprimiram sua verdade, dando lugar ao engano. O texto revela uma punição para todas as religiões que ora existem. Ser “bom” adorando a Buda não consiste numa bondade da qual, a despeito da idolatria, Deus se agradará. Alegar consciência sem religiosidade é supor uma neutralidade que não existe. Toda mente cultiva uma religiosidade à margem da verdadeira religião.

    “E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis”. [Rm 1.23]

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  9. Toda religiosidade é uma adulteração da verdade. Logo, não se deve concluir equivocadamente que o texto endossa uma salvação pela consciência ou por religiões implicitamente verdadeiras, como supõem Sanders, Pinnock, Boyd e outros tantos cristãos desavisados. Na verdade, o texto diz de um julgamento que virá em decorrência de um comportamento que já aconteceu e tem acontecido. A humanidade não viu Deus na criação ou na consciência. Eles viram falsos deuses. Haveria como supor uma salvação proposta no texto SE ao virem as manifestações de Deus em sua consciência e na criação admitissem a existência do verdadeiro Deus, do único Deus, e, não há quem assim o faça, ou, o tenha feito, pois o texto nos diz que ninguém o faz. O texto diz que mudaram a Glória de Deus. Ao invés de virem a Deus por sua ação, interpretaram e creram em falsos deuses, e o texto não se compromete com um argumento que diz que Deus salvará pessoas que acreditam num deus que se pareça com ele. Ou o verdadeiro Deus pelas manifestações desse Deus, ou um falso deus crido pela impiedade que suprime a verdade pela mentira, e o que houve, segundo o próprio texto é que escolheram a segunda possibilidade. Enfim, Romanos 1 não apresenta alternativas de salvação. Antes, revela-nos o julgamento de Deus pela adulteração da verdade que o homem ímpio empreendeu contra esse Deus.

    Com base nessa, creio, correta interpretação de Romanos 1, pergunto-lhes: As crianças e os mentalmente incapazes, podem incorrer nessa adulteração da verdade, e, suprimirem a Deus pelo engano? Há nelas impiedade e imoralidade intencionalmente levada a efeito por uma mente voluntária e corrupta pela qual construirão seu deus e por ele e por sua veneração a ele hão de mudar a Glória de Deus? Com certeza, não. Logo elas não incorrem na mesma punição que do céu se manifesta aos homens que deram lugar ao engano em detrimento da verdade. Se elas, as crianças e os mentalmente incapazes não desonram a Deus pela incorrência desse erro, então podemos concluir que elas não serão condenadas pelos erros que não cometeram pelo que podemos concluir que são todas salvas.

    O que deve ficar claro é que a salvação de crianças e dos mentalmente incapazes por essa interpretação não insurge contra o restritivismo segundo o qual Deus só salva pessoas pelo evangelho que manifestou. Se pode defender o restritivismo ao lado desse argumento que favorece crianças e os mentalmente incapazes porque eles se constituem numa clara exceção, pois não incorrem no erro moral ao qual todos nós incorremos, qual seja, desejar o falso em detrimento do verdadeiro. Honrar a deuses ao invés de Deus.

    Mizael Reis

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  10. Atorres,

    Você diz:

    "Para todos os efeitos, por exemplo, não se sabe se os habitantes da China Antiga na época de Israel realmente não foram "evangelizados" - até porque provavelmente por causa das diásporas da época da tomada de Jerusalém, os judeus se espalharam pelo mundo e assim levaram o judaísmo a locais nunca dantes imaginados. Não podemos afirmar com 200% de certeza que a única forma de vir a Cristo é pela evangelização direta - Deus não está limitado a isto".

    Não se trata de saber se foram salvos, mas definir o meio pelo qual poderiam ter sido salvos. Definido isso, concluiríamos que poderiam ter sido salvos se tal meio pelo qual um pecador é salvo lhes foi apresentado. Do contrário não poderão ter sido salvos.

    Mizael Reis

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  11. Gledson,

    É um equivoco achar que alguém possa chegar-se a Deus pela revelação natural com base em Romanos. Paulo a menciona, é verdade, mas apenas para mostrar a incapacidade do homem de chegar-se a Deus por ela, e então abre o único caminho viável que é a revelação especial.

    O contexto imediato, isolando a parte em que ele fala sobre essa revelação, fica parecendo que é possível alguém vir a Deus por ela, mas o contexto geral, diz o contrário.

    Outra coisa, quem sem lei peca, sem lei perecerá. Quem não tem a lei de Moisés, pela lei do coração será julgado.

    Não vejo possibilidades de absolvição em nenhum desses casos sem Cristo como redentor. E dizer que uma fé com um Cristo subliminar é demais da conta.

    Só para reforçar o meu ponto da questão colocada de início (revelação natural vs. especial) Paulo diz que a fé vem pelo ouvir... mas como crerão se não há quem pregue, e se não forem enviados... etc Veja que ele não apela para a revelação natural aqui.

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  12. Aliás, creio ser um certo radicalismo afirmar que a revelação natural não é, de alguma forma, suficiente. Como justificação, pode até não ser, mas existe um ramo da filosofia da religião, a teologia natural, que trata justamente desta revelação geral. E diga-se, dá pra demonstrar que a ressurreição de Jesus Cristo é o fato historicamente mais sólido da antiguidade.

    Só saber da historicidade dos Quatro Evangelhos é, de certa forma, o suficiente. E isto, sem sequer levar em conta algumas doutrinas mais complicadas, como a inerrância.

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  13. Credulo,

    Recentemente, minha igreja foi a um povoado distante...e eles NUNCA tinham ouvido falar de Deus(estou na Bahia), bom, acredito também que Deus não salve por ignorância, mas muitos ou a maioria já ouviu, naquele povoado sobre o amor de Jesus, agora a escolha é deles a semente foi plantada ... alguns se converteram e sempre se reúnem (se nao me engano no máximo 10 pessoas) para estudar a bíblia com um estudo que um dos pastores de nossa igreja envia por carta a eles, e de 2 em 2 meses ele vai lá junto com alguns irmãos para estudarem juntos, pois, fica cerca de 800km de onde estamos.

    Bom, na China tem alguns missionários que tenho pleno conhecimento e que vivem no medo constantemente, vamos orar por eles, pois, lá é proibido de se falar do evangelho e tempos atrás lí no boletim da igreja, que alguns deles teriam sido mortos por policiais.

    Se a revelação natural fosse suficiente, era fácil e não precisaria de missionários ... até porque Deus só voltará quando todos ouvirem da palavra, não é isso? Então era só esperar...

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  15. Credulo,

    Paulo foi radical em Romanos!

    Ele apresentou a revelação natural, mas logo mostra que o homem tornou-se insensível, cego pelo pecado para conseguir enxergar alguma coisa. É preciso ser alcançado pela revelação especial, a única que carrega o poder para salvar os caídos.

    Não me envergonho do evangelho porque ele é poder para salvar! Como crerão se não há quem pregue?

    Querer fugir disso é aproximar-se de heresias!

    A teologia natural é muito convincente para quem tem a mente de cristo e deixou a cegueira espiritual desde o novo nascimento. Para os caídos não faz diferença alguma! Se a teologia natural tivesse se originado entre os descrentes, eu a tomaria com 100%, ou como vc gosta de colocar, 200% válidas. Pode ser uma ferramenta válida para a apologética e evangelização, mas é tão impotente quanto qualquer outra iniciativa sem o poder da mensagem do evangelho. Essa sim é a única esperança que restou ao homem caído.

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  16. Cristo veio ao mundo, e o mundo não O conheceu; veio aos judeus, e foi rejeitado (João 1, 9-11). Esse é o mesmo quadro de Romanos 3, 10-12. Trata do extravio da humanidade: uns perderam a luz da revelação natural, e outros o da revelação mosaica. Há uma rejeição intrínseca de todos, mas há também a realidade da aceitação: Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem filhos de Deus, aos que crêem no seu nome (João 1,12).
    No tempo messiânico todo que invocar o nome do Senhor será salvo (Joel 3,5; Atos 2,21; Romanos 10,13). Interessante é que o profeta Joel, ao profetizar essa verdade, trata do remanescente no Monte Sião, e dos sobreviventes de Jerusalém. Por sua vez, em Atos e Romanos essa doutrina é revelada como a dirigida a todos, universalmente. O dispensacionalismo é aqui, por exemplo, descartado.
    O Evangelho é o poder de Deus para a salvação, e sob a graça o justo viverá pela fé (Romanos 1, 16-17). A humanidade toda não tem desculpas diante de Deus, já que Ele revela-se a todos, indistintamente. E falando especificamente dos gentios Deus lho manifestou, Romanos 1,19, mas a condenação de Deus vem aos que detêm a verdade em injustiça (Romanos 1,18). Todos conhecem a Deus (tendo conhecido a Deus, mas, não se importaram de ter conhecimento de Deus - Romanos 1,21.28). Conhecem a justiça de Deus (Romanos 1,32). Assim, entende-se porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei. Toda a prática da Lei natural, segundo o conhecimento revelado naturalmente por Deus, será contada no julgamento: Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os (e v. 16). O objetivo dessa explanação de Romanos 1 e 2 é demonstrar que tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado (Romanos 3,9): uns com a Lei escrita e outros a lei natural, e que todos são justificados gratuitamente (Romanos 3,24). Desse modo, todos podem ser justificados pela fé, tanto os gentios, como os judeus. A humanidade inteira está diante de Deus em pé de igualdade, nesse quesito. É assim que fica estabelecida a missão da Igreja em evangelizar. Quando a tarefa de Evangelização é devidamente cumprida a forma extraordinária Deus cumpre, como quando considera aqueles que agem segundo o conhecimento que tem do Seu senhorio. Não se trata nunca de que a revelação natural seja suficiente. Os gentios sempre tiveram essa revelação, e a desfiguraram. Os judeus foram ensinados na Lei revelada por escrito e, caíram.
    Em Romanos 10 São Paulo manifesta seu desejo pela salvação dos judeus (v.1). Os judeus tem zelo pouco esclarecido (v. 2) por pensar que sua justiça pode ser estabelecida diante de Deus (v. 3). A Lei tem o fim de levar a Cristo, para a justificação (v. 4). Há uma justiça que vem da lei (v. 5) e a que vem da fé (vv. 6-8). Confessar com a boca que Jesus é o Senhor e crer na Sua ressurreição é o meio de salvação (v. 9). Há o dever de crer com o coração para justificação e confessar para a salvação (v. 10). Todos, judeus e gregos, podem receber essa graça (v. 12). Dessa maneira, todo aquele que invocar a Jesus Cristo será salvo (v. 13). O problema não é a carência de missionários para pregar a salvação, pois o homem ouvindo e não crendo torna-se culpado, pois é isso o que afirma, mostrando que Israel teve a proclamação suficiente para a conversão (v. 18). O contexto é o da facilidade de ir a Cristo por meio da fé pregada. Não se trata ausência da pregação do evangelho com consequente condenação por tal motivo.
    Todos os que transgredirem a Lei serão condenados, assim como todos que obedecem a Lei serão salvos. De fato, desde o Éden o perdão e a salvação acontece em Cristo. Os pagãos podiam ser salvos pela revelação natural (em Cristo) e os judeus pela observância da Lei (em Cristo). Não há salvação fora de Jesus Cristo, pois em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos (Atos 4,12).

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  17. Gledson,

    Acho que vc está misturando um pouco as coisas.

    É fato que teoricamente alguém poderia ser salvo pela observação da lei, mas na prática isso não aconteceu para o homem ordinário desde Adão. Cristo foi o único homem capaz de cumprir com os critérios da lei à risca, e nós gozamos do direito que ele conquistou, e só ele poderia. Não é essa justamente o meio pelo qual somos considerados justos? Somos considerados justificados no direito que Ele conquistou por nós. Essa é a mensagem do evangelho. Cristo pagou o nosso preço em resgate!

    Ninguém será justificado pelas obras da lei, a qual apenas serviu de aio para nos conduzir à fé. É certo que antes, pela fé em Cristo conduzida pela lei, todos alcançaram a justificação n'Ele. Mas é diferente quando o gentio, mesmo sem lei, faz o que é próprio da lei. Porque Deus "incutiu" a lei moral no coração de todo homem para que ele se apresente indesculpável diante d'Ele. A lei para os sem Cristo só servirá para isso! Para os condenar diante d'Ele!

    Se você disser que algo diferente disso, você estará defendendo a salvação por obras da lei (se como alguém pudesse cumprir com a lei aponto de ser salvo, pois a lei estava enferma pelo pecado). Cristo, o único sem pecado, cumpriu com os requisitos da lei em nosso lugar e n'Ele somos justificados. Sem Ele, nada feito!

    O fato de não existir outro nome pelo qual devamos ser salvos é justamente pela sua obra redentora, que envolve tudo isso que falei acima.

    Não ficou claro pra mim se você está defendendo a possibilidade de alguém 1) chegar à fé em Cristo por meio da revelação natural; 2) Alguém pode ser justificado pela prática da lei; 3) Se o homem está condenado pelo pecado, ou pela recusa do evangelho.

    OBS. Tenta quebrar o seu texto em parágrafos para separar as suas argumentações devidamente. O texto num único bloco dificulta a leitura e compromete a interpretação. Não fica claro onde uma ideia termina e outra começa. :)

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  18. Paz a todos.

    Clóvis

    A pessoa é conduzida à condenação pelos seus pecados. CONDUZIDA ou ACUSADA?

    O Evangelho é o poder de Deus para salvação. Resta saber agora se existe outra maneira do mesmo ser exposta além da pregação do mesmo?

    As perguntas feitas em Romanos 10:14-16 para mim são bastante claras da importância de ouvir a pregação da palavra de Deus, pois a fé procede de tal.

    Até mais.
    SOLA SCRIPTURA

    .::::Bryan::::.

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  19. André:

    Uma palavrinha sobre as boas obras.

    Mateus 19,17

    Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.

    Eis uma revelação que dificilmente harmoniza-se com a doutrina protestante.

    Objetivo da resposta segundo os protestantes: testar o jovem, mostrar que ele não tinha, de qualquer forma, guardado os mandamentos, e que ele estava completamente enganado. (Barne). Para que recebamos Jesus (Clarke). Cristo disse isso para mostrar que é impossível ser salvo pelas obras, para transtornar aquele homem, para que ele deixasse sua dependência das obras e viesse a Ele (Cristo), para a justiça da vida (Gill). Wesley entendia as palavras (Mateus 19,17) mais de acordo como elas estão na Escritura.

    O que o Evangelho afirma?

    Um jovem pergunta o QUE FAZER para conseguir a vida eterna. Jesus responde mostrando a necessidade da guarda dos mandamentos. O jovem afirma ter feito isso desde a mocidade.

    Nosso Senhor afirma que ainda faltava-lhe a venda dos bens e distribuição aos pobres, e o seguimento de Cristo, pois seu coração estava apegado às riquezas. Depois disso, Jesus fala da dificuldade do rico entrar no reino. Os discípulos entenderam, e disseram: “Quem poderá pois salvar-se?”

    A isso Jesus mostra que Deus pode fazer o impossível.

    No v. 27 São Pedro fala que ele e os onze deixaram tudo para seguir Jesus.

    Isso era justamente o que Jesus exigiu do jovem rico. A esse fato, Jesus afirma: “Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras, por amor de meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna.” Desse modo, Ele ratifica o pensamento de que as obras tem parte na salvação, pois, afinal, promete o poder de participar do Seu julgamento e a vida eterna.

    Interessante: Os dispensacionalistas dizem que Mateus refere-se aos judeus, à septuagésima semana, portanto essas palavras não teriam a ver com os cristãos!!! Fogem facilmente da clareza do Evangelho. Os não-dispensacionalistas tem de recorrer as explicações como as de Calvino e dos comentaristas citados. Parece que dos citados, somente Jonh Wesley teve um entendimento mais próximo da realidade evangélica sobre esse ponto.


    O que você pensa a respeito?

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  20. Gledson,

    Ninguem é capaz de cumprir com as ordens mencionadas sem que antes tenha sido capacitado pelo Espírito. Boas obras não salvará ninguém e nunca salvou!

    Você entende o livro de Tiago? As obras são evidências de uma conversão, mas ninguem se converte fazendo boas obras, ou até mesmo pela obediência a qualquer mandamento.

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  21. André,

    notei a falta de interação com o que apresentei acima. Você pronunciou-se sem refutar o que escrevi.

    E pronunciou-se corretamente!!!

    Antes da conversão nem a fé (humana) vale coisa alguma!!! Deus dá a fé e capacita o homem a produzir algo bom, pela graça.

    Entendo o livro de Tiago. Se você afirma que as obras estão contidas na verdadeira fé, não tenho porque negar.

    No entanto, gostaria de apresentar uma explicação que explicita um pouco mais o papel das boas obras na salvação.

    Leia Tiago 2,22 como ele está escrito. Nele é revelado que há uma ação da fé nas obras, ao mesmo tempo em que as boas produzem algo na fé. As obras não são somente "reflexo" da fé. Vejamos: a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada!!!!!

    Esse é o Evangelho.

    Até mais.

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  22. Gente, só explicando quando eu falei:

    A teologia natural trata das evidências da existência de Deus. Ela cumpre este papel. Ela não tem o papel de salvar alguém, mas de apresentar evidências da lei de Deus.

    Usando a analogia de Paulo, enquanto vemos por um espelho embaçado, o incrédulo vê como uma densa neblina. E feliz ou infelizmente, qualquer pessoa tem que ser conduzida pela teologia natural (ou uma forma de apologia que conduza à verdade bíblica) antes de crer na revelação especial.

    Repito: a simples teologia natural não tem o intuito de salvar, mas de mostrar - de provar que o homem é indesculpável, de que não se pode alegar ignorância.

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  23. Gledson, quem veio primeiro? o ovo ou a galinha?

    Parece-me que vc ainda insiste com a ideia de que a obra ainda tenha algum papel "ativo" na salvação além do simples papel de evidência de fé viva.

    Enquanto vc pede para que leia Tiago 2:22 como ele está escrito, vou insistir para que vc leia Tiago 2:22 amarrado ao contexto inteiro da carta.

    A temática central desse assunto para Tiago é que as obras são evidências da fé, pois a fé sem obras é morta. Se exite fé, tem que haver obras. A obra não pode ter outro valor além de fruto da fé.

    Vamos ver Tiago 2:22 em outras versões:

    ARC - "Bem vês que a fé cooperou com as suas obras e que, pelas obras, a fé foi aperfeiçoada"
    ARA - "Vês como a fé operava juntamente com as suas obras; com efeito, foi pelas obras que a fé se consumou"
    NTLH - "Veja como a sua fé e as suas ações agiram juntas. Por meio das suas ações, a sua fé se tornou completa."

    A NTLH traz a tradução mais precisa para o contexto (pelo menos da maneira como vejo o contexto em que o versículo está inserido). Ele está mostrando a obra como evidência da existência da fé; se não há obras, a fé é morta! É a fé que precisa gerar as obras, e não o contrário. Todos os exemplos que ele dá mostram a fé antecedente às obras, as obras são claramente frutos da fé de cada um. Ou você vai me dizer que Abraão primeiro obedeceu a ordem de Deus sem antes crer n'Ele? O que se apresentou antes em Abraão, a obra ou a fé? Raabe teve um ato de fé, no qual a fé precisa obrigatoriamente anteceder esse ato, como fruto da fé.

    Pra mim, a NTLH traz a ideia mais completa da questão aqui, traduzindo ἐτελειώθη como "completa", pois essa é justamente a ideia não só do contexto, mas também de umas das acepções da palavra (consumar e aperfeiçoar). Tiago queria provar que a fé antecede as obras, e sem obra a fé é morta. Quem gera a obra é a fé, não o contrário. Não existe via de mão dupla aqui.

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  24. André:

    Se exite fé, tem que haver obras. A obra não pode ter outro valor além de fruto da fé.

    "AINDA QUE TIVESSE TODA A FÉ, DE MANEIRA TAL QUE TRANSPORTASSE OS MONTES, E NÃO TIVESSE AMOR, NADA SERIA"(1 Cor 13,2).

    De que fé se trata? Ela existe, tem poder, mas não vale para... Que fé é essa que pode tranportar montanhas(montes), mas que não vale sem o amor?

    Até mais.

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  25. Gledson,

    Não tenho mais nada para acrescentar, o que tinha que ser apontado, foi feito... falta apenas lhe despedir no estilos de Cristo.

    "Vai, que tua obra te salvou!"

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  26. Aliás, a pergunta é um pouco mal-formulada:

    "É justo uma pessoa que nunca ouviu o Evangelho ser condenada?"
    Colocar Deus nesta frase é um convite a guerrinhas de mal-entendidos: "Ah, mas você quer negar a soberania do justo e glorioso Deus!" - "Ah, mas seu Deus é sádico e mesquinho" e já sabemos bem.

    Esta é a pergunta que deve ser feita.

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  27. Bryan,

    Paz seja contigo.

    "A pessoa é conduzida à condenação pelos seus pecados. CONDUZIDA ou ACUSADA?"

    Creio que conduzida é o correto. O que conduz um ladrão à prisão? Não é o ato de roubar? É claro que ela será acusada de roubo, provas serão apresentadas e um veredito será pronunciado. Mas o que deu causa à sua condenação foi o roubo.

    "O Evangelho é o poder de Deus para salvação. Resta saber agora se existe outra maneira do mesmo ser exposta além da pregação do mesmo?"

    Creio que o meio ordinário escolhido por Deus seja a pregação do evangelho. Mas não excluo que Deus possa, extraordinariamente, usar outros meios. Quanto a nós, devemos nos limitar ao que Deus estabeleceu claramente na sua Palavra: a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela pregação.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  28. Clóvis, é possível um ímpio ser salvo quando lê o evangelho na Bíblia.
    A minha pergunta está sem interrogação porque estou no computador do meu irmão e não consegui descobrir como fazê-lo.
    Abraços!!

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  29. Ana,

    Mais uma vez começo pedindo perdão pela demora da resposta.

    Sim, sem sombra de dúvida. Quando nós dizemos que a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela pregação, não estamos nos referindo ao ato de pregar em si, mas o conteúdo, a mensagem transmitida no sermão.

    O conteúdo da mensagem é a Palavra de Deus, que é o poder de Deus para a salvação. Então, Deus pode e efetivamente salva pessoas pela leitura direta da Palavra de Deus.

    Em Cristo,

    Clóvis

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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