A nossa parte no processo de salvação

Tenho uma conclusão simples, lembrar você novamente que todas estas coisas foram feitas por Deus. São os pontos importantes, os pontos que realmente importam. Sem eles, nenhum de nós seria salvo. Ou se fôssemos “salvos” nenhum de nós continuaria nesta salvação.

Nós temos que crer. É claro, nós temos. Paulo já falou da natureza e necessidade da fé nos capítulos 3 e 4 de Romanos. Mas mesmo nossa fé é de Deus ou, como nós provavelmente diríamos melhor, é resultado de Seu trabalho em nós. Em Efésios Paulo diz “porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2.8-9). Quando somos salvos, primeiramente pensamos naturalmente que temos uma grande participação nisto, talvez por causa de ensinamentos errôneos ou superficiais, mas muito comumente apenas porque sabemos mais sobre nossos próprios pensamentos e sentimentos do que conhecemos de Deus. Mas, há quanto mais tempo alguém é cristão, mais ele se distancia de qualquer sentimento de que somos responsáveis por nossa salvação ou mesmo alguma parte dela, e mais próximos chegamos à conclusão de que é tudo de Deus.

É algo bom que seja de Deus, também! Porque fosse cumprido por nós, nós poderíamos simplesmente descumpri-la e não há dúvida que o faríamos. Se Deus é o autor, a salvação é algo que é feita sabiamente, bem e eternamente.

Robert Haldane, um dos grandes comentarista de Romanos, provê este resumo:
Ao rever esta passagem, devemos observar que em tudo que é dito, o homem não atua em nenhuma parte, mas é passivo, e tudo é feito por Deus. O homem é eleito, predestinado, chamado, justificado e glorificado por Deus. O Apóstolo estava aqui concluindo tudo o que ele havia dito antes ao enumerar tópicos de consolação aos crentes, e está agora pronto para apresentar que Deus é “por nós”, ou em favor de Seu povo. Poderia alguma coisa, então, ser mais consoladora àqueles que amam a Deus, que desta maneira serem assegurados de que a grande preocupação quanto a sua salvação não é deixada aos seus cuidados? Deus cuida até mesmo da promessa deles. Deus, tomando tudo sobre Ele mesmo. Ele se fez responsável por eles. Não há lugar, então, para risco ou mudança. Ele fará perfeito aquilo que concernia a eles.
Anos atrás, Harry A. Ironside, um grande mestre da Bíblia, contou uma história sobre um velho cristão a quem pediram que desse seu testemunho. Ele contou como Deus o procurou e encontrou, como Deus o amou, chamou, salvou, libertou, purificou e curou – um grande testemunho da graça, poder e glória de Deus. Mas depois do encontro um irmão provavelmente legalista o chamou num canto e criticou seu testemunho, como certamente alguns de nós faríamos. Ele disse “eu apreciei tudo o que você contou sobre o que Deus fez por você. Mas você não mencionou a sua parte nisto. Salvação é na verdade participação nossa e participação de Deus. Você deveria ter mencionado algo sobre a sua parte”. “Ah, claro”, o velho cristão respondeu. “Peço desculpas por isso. Me perdoe. Eu realmente deveria ter dito alguma coisa sobre a minha parte. Minha participação foi fugir e a participação de Deus foi correr atrás de mim até que pudesse me pegar”.

Todos nós fugimos. Mas Deus colocou Seu amor em nós, nos prdestinou a tornar-nos como Jesus Cristo, nos chamou à fé e arrependimento, nos justificou e, sim, até mesmo nos glorificou, tão certo de que Seu plano será completo. Que apenas Ele seja louvado!

Dr. James Montgomery Boice
In: Monergismo 

3 comentários:

  1. Clóvis,

    Há quanto tempo meu irmão! Agora, vá explicar a um libertário convicto essa "espécie" de redenção onde o homem não influencia em nada... No entanto, ao reconhecer que Deus é quem conduz o processo inteiramente, tiramos qualquer glória que pudesse ser direcionada a nós e a reconhecemos exclusivamente nEle e para Ele.

    Grande abraço.

    Ricardo.

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  2. Ricardo,

    Bastante tempo mesmo!

    É verdade, o orgulho do homem teima em fazê-lo contribuidor para a sua própria salvação, tirando uma lasquinha da glória de Deus.

    Em Cristo,

    Clóvis

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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