De acordo com a escolha de Deus


2 comentários:

  1. Sproul deixa de considerar pontos importantes em sua breve análise desse pequeno trecho de Romanos 9. Talvez ele até considere em outra parte dessa aula.

    A eleição de Jacó sobre Esaú não é para salvação. É para um papel na história da salvação. Jacó foi escolhido em virtude de uma promessa de Deus a Abraão, para dele formar o povo eleito. A linha do Messias seguiria através de Jacó, não de Esaú.

    Não há nada no texto que segue que combate a visão presciente da predestinação, até porque Paulo não está preocupado com isso. A razão principal de Paulo levantar o caso dos gêmeos é para provar que não são os filhos naturais de Abraão que herdam as promessas, mas somente aqueles que descendem de Isaque através de Jacó.

    O argumento é claro: se Deus foi soberano em sua escolha do seu povo e rejeitou alguns filhos naturais de Abraão, os judeus não poderiam exigir salvação de Deus baseados em considerações de raça.

    O acréscimo "antes de nascerem e terem feito bem ou mal" aponta não apenas para um período anterior ao seu nascimento mas mostra que Deus não levou em conta suas obras, boas ou más, como Sproul corretamente observa.

    Sproul, no entanto, vai além. Ele argumenta que isto inclui também a presciência de fé, já que fé, em sua concepção, é uma obra. Como escreve em seu livro, ele diz que a fé não é uma obra como as outras obras, mas ainda assim é uma boa obra.

    Ele é levado a pensar assim baseado nas palavras de Jesus em Jo 6.29: "A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele enviou". Na verdade, Jesus falou dessa forma por causa da pergunta, e não porque queria dizer que a fé é uma obra. Os judeus perguntaram: "Que faremos para executarmos as obras de Deus?" 6.28. Jesus então responde que a obra de Deus é crer naquele que ele enviou, com isso querendo dizer que o que Deus exige de nós é fé nele mesmo. A fé, em qualquer lugar das Escrituras, é distinta das obras.

    Mas se Deus escolheu Jacó levando em consideração sua fé, Romanos 9 não nos diz, e nem a resposta a esta pergunta resolveria a questão da eleição para salvação, se ela é incondicional ou não.

    Algo, no entanto, parece claro: se anteriormente um representante (Jacó) foi escolhido para formar um povo (o povo de Israel), igualmente agora um representante foi escolhido (Jesus) para formar um povo (a Igreja). E se anteriormente a eleição dos indivíduos era uma questão de descendência física, agora é uma questão de descendência espiritual. Os eleitos não são os descendentes naturais de Abraão, mas os espirituais, aqueles que têm fé em Cristo. Isso, acredito, Paulo deixa claro ao longo de toda a sua argumentação em Romanos 9-11.

    Paulo Cesar Antunes

    ResponderExcluir
  2. Excelente, Clóvis:
    http://www.youtube.com/watch?v=IbqeP3pB4Zg

    ResponderExcluir

"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

Sua leitura deste post muito me honrou. Fique à vontade para expressar suas críticas, sugestões, complemetos ou correções. A única exigência é que seja mantido o clima de respeito e cordialidade que caracteriza este blog.