Cooperação do homem não comprova o livre-arbítrio

Você se utiliza de um bom número de ilustrações que descrevem a cooperação do homem com as operações divinas. Por exemplo: "o agricultor faz a colheita, mas é Deus que a dá". É óbvio que tenho plena consciência da cooperação do homem com Deus, mas isso nada prova a respeito do "livre-arbítrio". Deus é onipotente. Ele exerce total controle sobre tudo quanto Ele mesmo criou. E isso inclui os ímpios, os quais, à semelhança daqueles a quem Deus justificou e transportou para o seu reino, cooperam com Deus neste mundo. Todos os homens precisam seguir e obedecer aquilo que Deus intenciona que eles façam.

O homem em nada contribuiu para a sua própria criação. E, uma vez criado, o homem não faz qualquer contribuição para permanecer dentro da criação de Deus. Tanto a sua criação como a sua contínua existência são inteira responsabilidade do soberano poder e bondade de Deus, que nos criou e preserva sem qualquer ajuda nossa.

Antes de ser renovado, para fazer parte da nova criação do reino do Espírito, o homem em nada contribui para preparar-se para essa nova criação e reino. Por semelhante modo, quando ele é recriado, em coisa alguma contribui para ser conservado nesse reino. Somente o Espírito de Deus tanto nos regenera quanto nos preserva, sem qualquer ajuda de nossa parte. É como Tiago diz: "Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas" (Tg 1.18). Tiago está falando a respeito da nova criação. Não obstante, Deus não nos regenera sem que tenhamos consciência do que está sucedendo, porque Ele nos recria e preserva precisamente com esse propósito: que venhamos a cooperar com Ele.

E o que é atribuído ao "livre-arbítrio" em tudo isso? Que resta para o "livre-arbítrio"? Nada! Absolutamente nada!

Martinho Lutero
Em: Nascido Escravo, cap. 4, argumento 8, Editora Fiel
Extraído do blog: Eleitos de Deus

Um comentário:

  1. Eu entendi que Deus intenciona os homens a fazerem aquilo que Ele propôs. Em relação aos perdidos, Deus não os intenciona a pecar, pois o ímpio peca porque é depravado, escravo do pecado e não tem a Deus. O Senhor intenciona os ímpios a fazerem o que é necessário para Ele e para o próximo.
    Abraços!!

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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