O que é a verdadeira fé?

Não se deve pensar que a fé cristã é um puro e simples conhecimento de Deus, ou uma compreensão da Escritura, que anda volitando no cérebro sem tocar no coração. Tal é, de ordinário, a opinião que temos das coisas que nos são confirmadas por alguma razão humana.

Mas a fé cristã é uma firme e sólida confiança do coração, pela que descansamos com segurança na misericórdia de Deus que nos foi prometida pelo Evangelho. Assim, a definição de fé deve tomar-se da substância da promessa. E a fé se apóia tão perfeitamente neste fundamento que, se tiramos eles, a fé desmoronaria imediatamente, ou, melhor falando, desapareceria.

Por isso, quando o Senhor, pela promessa evangélica nos apresenta sua misericórdia, e nós com certeza e sem vacilação alguma nos confiamos nAquele que realiza a promessa, então possuímos sua Palavra pela fé. E esta definição não é senão a do apóstolo, que nos ensina que a fé é a substância das coisas que se esperam, a demonstração das coisas que não se vêem. O apóstolo entende por estas palavras uma possessão segura e certa das coisas que Deus prometeu, e uma evidência das coisas que não se vêem, quer dizer, da vida eterna que esperamos a causa de nossa confiança nesta bondade divina que se nos oferece pelo Evangelho.

Agora bem, já que todas as promessas de Deus foram confirmadas e, por assim dizer, cumpridas e realizadas em Cristo, é evidente que Cristo é, sem lugar a dúvidas, o objeto perfeito da fé, e que essa contempla nEle todas as riquezas da misericórdia divina.

João Calvino
In: Breve Instrução Cristã

3 comentários:

"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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