Os mandatos pactuais: o mandato espiritual

O terceiro mandato que foi dado envolve a expressão em forma de resposta da humanidade ao relacionamento que Deus estabelecera entre si próprio e os portadores de sua imagem. 

Primeiro, Deus criou o homem e a mulher num estado de bondade, inteireza e liberdade. Deus viu tudo que ele tinha feito e hinneh-tôb me' ôd (eis que era muito bom). O macho e a fêmea foram feitos de acordo com o intento e propósito de Deus; eles correspondiam a seu padrão de excelência. Eles eram completos; nenhum aspecto adicional ser-lhes-ia acrescentado; eles eram capazes de ser e fazer o que Deus pedia deles, o que Deus ordenava. Eram livres, tendo sido criados à imagem de Deus - livres para viver e agir de acordo com a natureza e características que Deus lhes havia dado. O homem e a mulher eram tudo que Deus pretendia que fossem. Eles tinham que ser o que tinham sido feitos para ser; tinham que fazer o que Deus os tinha feito para fazer. Eles não tinham nada a ganhar; já tinham todos os direitos, privilégios e bênçãos da família real de Deus. Foram feitos para ser filhos e filhas do Rei soberano; deveriam cumprir suas tarefas reais para as quais foram equipados. Assim, não existia nada para o qual tornar-se merecedor. Existia tudo para eles manterem e conservarem.

Segundo, Deus pretendeu que o homem e a mulher permanecessem em um relacionamento íntimo e pessoal com ele. Deus desejava a solidariedade que procede do vínculo de vida e amor que ele tinha estabelecido. Deus queria a comunhão com seus vice-gerentes. Deus queria que estivessem dispostos a corresponder em resposta a tudo que tinha feito por eles e a tudo que ele desejou. Três aspectos específicos deverão ser mencionados a esse respeito. Deus veio caminhar no jardim com o homem e a mulher. Deus se fez imediatamente, diretamente, pessoalmente e intimamente disponível. Deus estabeleceu o sétimo dia como um dia de descanso, no qual ele e a humanidade não iriam dirigir a atenção para os desafios do cosmos, e sim, cada um para o outro. Deveria ser um tempo determinado a cada período de sete dias para o exercício do vínculo de vida/amor que os unia. Deus ordenou que esse tempo deveria ser separado semanalmente para o exercício dos relacionamentos amorosos e comunhão íntima, pelos quais o vínculo de vida e amor poderia ser sustentado e enriquecido.

Terceiro, Deus colocou diante do homem e da mulher, no estabelecimento do seu serviço no reino, o privilégio de comer livremente de todas as árvores do jardim e o privilégio de honrá-lo não comendo de uma única árvore - a árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 2.9, 16-17). A conseqüência de não honrar a Deus nesta matéria seria severa. O vínculo de vida/amor seria cortado. A comunhão amorosa seria quebrada. O vínculo da vida não iria operar. O homem e a mulher iriam morrer. Contudo, o homem e a mulher eram tudo o que foram projetados para ser. Eles não tinham nada a merecer. Nenhuma recompensa foi dada. Deus não disse: "Se vocês obedecerem, vocês ganharão...". O homem e a mulher eram o que Deus pretendeu que fossem. Eles tinham a habilidade, o privilégio e a oportunidade de ser o que Deus os tinha feito para ser.

Este terceiro mandato pode ser chamado do mandato da comunhão. A comunhão deveria ser exercida no andar com Deus diariamente, conversar intimamente com ele, e expressar amor, honra, devoção e louvor enquanto se fosse enfrentando os desafios e privilégios de cada dia. A cada sétimo dia, esta comunhão deveria ser expressa da maneira mais completa e rica possível.

Gerard Van Groningen
In: Criado e Consumação, Vol I

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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