O que nos vem unicamente da Lei

Eis aqui o modelo de uma vida santa e justa, e incluso uma imagem perfeitíssima da justiça, de modo que se alguém cumprir em sua vida a lei de Deus, a esse nada do que se requer para a perfeição lhe faltará perante o Senhor. Para confirmar isso, Deus promete aos que tenham cumprido sua Lei, não só aquelas grandes bênçãos da vida presente de que se fala no capítulo 26 do Levítico e no capítulo 28 de Deuteronômio, senão também a recompensa da vida eterna. Por outra parte, Deus anuncia a vingança de uma morte eterna contra todos os que não tenham cumprido com suas ações tudo o que foi mandado nesta Lei. Inclusive Moisés, tendo proclamado a Lei, toma por testemunha o céu e a terra de que acaba de propor ao povo o bem e o mal, a vida e a morte.

Mas, embora a Lei indica o caminho da vida, contudo devemos ver de que modo pode aproveitar-nos. Se nossa vontade estiver conformada e submetida à obediência da vontade de Deus, certamente que o mero conhecimento da Lei bastaria para nossa salvação. Mas, como a nossa natureza carnal e corrompida luta em tudo e sempre contra a Lei espiritual de Deus, e não se corrigiu no mais mínimo com a doutrina desta Lei, resulta que esta mesma Lei que tinha sido dada, caso ter achado ouvintes bons e capazes, para a salvação, se converte em orações de pecado e de morte. Pois, como estamos todos convencidos de sermos transgressores da Lei, quanto mais claramente esta Lei nos manifesta a justiça de Deus, com tanta maior clareza nos descobre, por outra parte, nossa injustiça.

Portanto, quanto maior seja a transgressão em que nos surpreenda, tanto mais severo será o juízo de Deus diante do qual ela nos declara culpados; e, uma vez suprimida a promessa de vida eterna, não nos sobra senão a maldição que todos nos corresponde pela Lei.

João Calvino
In: Breve instrução cristã

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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