Para que ninguém se glorie

Os cristãos aos quais o apóstolo Paulo remeteu a epísto­la aos Coríntios viviam em uma parte do mundo onde a sabedoria humana ti­nha grande reputação. Como o apóstolo observa no versículo 22 deste capítulo, "os gregos buscam sabedoria". Corinto não ficava longe de Atenas, que por muitos séculos foi a mais famosa cidade da filosofia e aprendizagem no mundo. O apóstolo lhes observa como Deus, pelo evangelho, destruiu e aniquilou a sabedoria de­les. Os gregos cultos e seus notáveis filósofos, mediante toda sua sabedoria, não conheceram a Deus, nem puderam descobrir a ver­dade acerca das coisas divinas. Mas, depois de em vão terem feito o máximo que puderam, por fim aprouve a Deus se revelar pelo evangelho que eles consideravam tolice: "Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus esco­lheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes. E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são para aniquilar as que são" (1 Co 1.27,28).

O apóstolo os informa no texto por que Ele fez assim: "Para que nenhuma carne se glorie perante ele" — sobre cujas palavras po­demos fazer duas observações:

1.  O que Deus visa na disposição das coisas na questão da redenção, ou seja, para que o homem não se glorie em si mesmo, mas só em Deus; "para que nenhuma carne se glorie perante ele. Para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor" (1 Co 1.29,31).

2.Como este propósito é alcançado na obra de redenção, ou seja, pela dependência absoluta e imediata que os homens têm em Deus e nessa obra, visando ao seu benefício.

Em primeiro lugar, consideremos todo o benefício que eles pos­suem em Cristo e através dEle. Ele nos "foi feito por Deus sabe­doria, e justiça, e santificação, e redenção". Todo o benefício da criatura caída e redimida consiste nestas quatro características e não pode ser melhor distribuído do que nelas. Através de nós, Cristo é cada uma delas, e não temos nenhuma delas senão por Ele. Cristo nos foi feito por Deus sabedoria. NEle está todo o benefício e a verdadeira excelência do entendimento. A sabedo­ria era algo que os gregos admiravam, mas Cristo é a verdadeira luz do mundo; somente por Ele que a verdadeira sabedoria é concedida à mente. Através de Cristo temos justiça. E permane­cendo nEle que somos justificados, temos nossos pecados per­doados e somos recebidos como justos no favor de Deus. Atra­vés de Cristo temos santificação. Temos nEle a verdadeira exce­lência de coração como também de entendimento. Ele nos é feito justiça inerente como também imputada. E através de Cristo que temos redenção ou a verdadeira libertação de toda miséria e a concessão de toda felicidade e glória. Portanto, temos todo o nosso benefício por Cristo que é Deus.

Em segundo lugar, outra instância na qual aparece nossa depen­dência de Deus para o nosso próprio benefício, é esta, que Deus é quem nos deu Cristo, e que nós podemos ter estes benefícios através dEle, pois Ele nos "foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção".

Em terceiro lugar, é por Deus que estamos em Cristo Jesus e viemos a ter interesse nEle, e assim recebemos essas bênçãos que nos foram concedidas por Ele. Deus nos dá a fé por meio da qual aceitamos a Cristo.

Este versículo demonstra nossa dependência em relação a cada pessoa da Trindade, para o nosso próprio benefício. Somos de­pendentes de Cristo, o Filho de Deus, visto que Ele é nossa sabe­doria, justiça, santificação e redenção. Nós somos dependentes do Pai que nos deu Cristo e o fez ser estas características por nós. Nós somos dependentes do Espírito Santo, pois por meio dEle estamos em Cristo Jesus. O Espírito de Deus nos dá fé em Cristo, pelo qual o recebemos e o aceitamos.
Jonathan Edwards

Um comentário:

  1. Caro Clóvis,

    Excelente postagem!

    Nele,
    Marcos Sampaio

    http://voltemosaocaminho.wordpress.com

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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