Quem Jesus é?

E, chegando Jesus às partes de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? Mt 16:13

Nas prateleiras de livros de qualquer livraria temos a resposta. Títulos como "Jesus, o maior líder que já existiu", "Jesus, o maior educador da história" e "Jesus, o maior psicólogo que já existiu", todos da Editora Sextante, além de "Jesus, o maior executivo que já existiu", publicado pela Editora Elsevier , e muitos outros nessa mesma linha, nos informam que Jesus é um modelo de professor, psicólogo, líder e homem de negócio. Um sábio que nos poucos anos que viveu sobre a terra deixou lições que podem ser seguidas por todos aqueles que quiserem ter êxito nas mais diversas áreas.

Os contemporâneos de Jesus tinham opiniões, por assim dizer, mais espirituais a respeito de Jesus. À pergunta de Jesus "eles disseram: uns, João o Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas" (Mt 16:14). João Batista não gozava de uma boa imagem perante os religiosos da época, mas era popular entre o povo, até ser morto por Herodes. Certamente que considerar Jesus João Batista ressuscitado era uma avaliação positiva. O mesmo com relação a Elias, que o povo esperava como precursor do Messias, em cumprimento às promessas. Ser equiparado a Jeremias, o profeta que empresata o nome ao conjunto dos livros chamados proféticos, também era uma consideração e tanto. Mesmo ser tratado como "um dos profetas" do Antigo Testamento era um elogio, pois eram heróis da fé do povo.

Apesar disso, os contemporâneos de Jesus  ficaram muito aquém de descrever quem Ele era realmente. E muito menos fazem aqueles que pensam estar honrando Jesus ao destacar suas habilidades como mestre, gestor de pessoas ou empreendedor. Se é que realmente estão interessado em destacar  a pessoa de Jesus,  não apenas vender livros. Pois o que fazem, na verdade, é encobrir o que Jesus realmente é, colocando em evidência algum aspecto de Sua humanidade.

Não satisfeito com as respostas recebidas, Jesus torna a pergunta pessoal: "e vós, quem dizeis que eu sou?" (Mt 16:15). Pedro, mais uma vez assumindo o papel de porta-voz do grupo declara: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mt 16:16). Esta, e somente esta, é a resposta que satisfaz plenamente a pergunta de Jesus, pois vai além dos aspectos aparentes de seu ministério e torna ridícula as ênfase em suas competências administrativas, pois trás à luz o fato mais importante sobre Sua pessoa: Ele é Deus!

Os homens aceitam facilmente Jesus como educador, psicólogo, líder e não fariam objeções a qualificações dele como oculista, carpinteiro, médico, guia turístico ou o que quer que seja, desde que não sejam confrontados com a verdade de que Ele é Deus. Da mesma maneira que designações como iluminado, rabi e profeta são aceitáveis, mas à alusão de que Ele é o Filho Unigênito de Deus pegam em pedras, rangem os dentes ou, na melhor das hipóteses, maneiam a cabeça de forma condenscendente com "a fé ignorante" dos que crêem assim.

Mas o fato é que Jesus é Deus e esta verdade precisa ser reafirmada, sob pena de Jesus não passar de mais um Buda ou Confúncio. A verdade bíblica é que "no princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus" (Jo 1:1). É impossível escrever um livro que esgote a profunidade das verdades expressas nessas três simples declarações. A pré-existência, a co-existência com Deus e o fato de ser  o próprio Deus tem rendido tratados e mais tratados e ainda assim muito mais poderia ser dito. No entanto, a frase de Pedro bastou para expressar toda verdade aqui contida:  "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mt 16:16).

Por isso o entusiasmo de Jesus ao dizer a Pedro "bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus" (Mt 16:17). E aqui temos, também, a razão porque os homens toleram que Jesus seja um líder excepcional e até um religioso exemplar, mas de maneira alguma aceitam a sua divindade: isto não pode ser aceito naturalmente, mas é necessária uma revelação sobrenatural. Inteligência não é o caso aqui. "Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos" (Mt 11:25). Reconhecer Jesus como Deus é privilégio dos que tiveram seus olhos abertos pelo Espírito Santo.

A pergunta de Jesus vai do geral ("que dizem os homens") para o pessoal ("e vós, quem dizeis"). Isto significa que não basta subscrever acriticamente um credo no qual a divindade de Jesus é afirmada, por mera formalidade para o batismo. É necessário uma convicção interna, pessoal, dada pelo Espírito Santo, que nos leve a confessar, como Tomé "Senhor meu, e Deus meu!" (Jo 20:28).

E para você, quem Jesus é?

Soli Deo Gloria

10 comentários:

  1. Você pensa como Justino Marti, Tertuliano e Constantino. Estas pessoas foram responsáveis por este dogma e crença. Isso não significa que seja verdade.

    Desculpe, o comentário só vale para este texto, para o seguinte não.

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  2. A qual "dogma e crença" você se refere como sendo de responsabilidade de Justino, Tertuliano e Constantino?

    E qual é a verdade a respeito dela?

    Clóvis

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  3. Quero registrar aqui o pesar pelo falecimento do pai do Roger, que participa de debates aqui no Cinco Solas.

    Lembrando que não faz muito tempo que sua mãe também partiu para o Senhor.

    Sei que nessas horas as palavras pouco adiantam, então somente oro para que o Espírito console nosso irmão e seus familiares.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  4. Sabe clóvis, este tipo de texto é tão explorado, parece uma tentativa desesperada de alguém querer provar por a+b que Jesus é Deus e ao mesmo tempo provar que além de Jesus existem mais.

    Foi este o tipo de argumento usado nos concílios que transformou Jesus em um deus de segunda classe. É disso que estou falando. Justino Marti, Tertuliano e Constantino, foram responsáveis por isso. Isso não significa que seja verdade.

    Quem é Deus? Isto não se aprende através dos livros e isto você teve o cuidado de colocar no texto: "É necessário uma convicção interna, pessoal, dada pelo Espírito Santo, que nos leve a confessar, como Tomé "Senhor meu, e Deus meu!" (Jo 20:28).

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  5. Gr.: καὶ θεὸς η̉̃ν ‛ο λόγος (kai the·ós en ho ló·gos) = { εν αρχη ην ο λογος και ο λογος ην προς τον θεον και θεος ην ο λογος }
    João 1:1 tem um predicativo anartro precedendo ao verbo, e assim tem primariamente sentido qualificativo.
    Indica que A Palavra tem a natureza de theos, assim também existe um predicativo anartro em João 6:70.
    A língua grega coiné tinha artigo definido (“o”), mas não tinha artigo indefinido (“um”). Assim, quando um
    substantivo predicativo não é precedido por artigo definido, pode ser indefinido, dependendo do contexto.
    Muitos estudiosos teologos e erudito sabem disso!!!
    Em João 1:1 ocorre duas vezes o substantivo grego the·ós (deus). A primeira ocorrência se refere ao Deus Todo-poderoso, com quem a Palavra estava (“e a Palavra [lógos] estava com Deus [uma forma de theós]”). Este primeiro theós é precedido pela palavra ton (o), uma forma do artigo definido grego que aponta para uma identidade distinta, neste caso o Deus Todo-poderoso (“e a Palavra estava com o Deus”). Por outro lado, não existe artigo antes do segundo theós, em João 1:1. Assim, uma tradução literal seria “e deus era a Palavra”. Todavia, temos visto que muitas versões traduzem este segundo theós (um substantivo predicativo) como “divino”, “semelhante a Deus”, ou “um deus”. Com que autoridade fazem isso?
    A língua grega coiné tinha artigo definido (“o”), mas não tinha artigo indefinido (“um”). Assim, quando um substantivo predicativo não é precedido por artigo definido, pode ser indefinido, dependendo do contexto.
    A Revista de Literatura Bíblica diz que expressões “com um predicativo anartro [sem artigo] precedendo ao verbo, têm primariamente sentido qualificativo”. Como diz a Revista, isto indica que o lógos pode ser assemelhado a um deus. Diz também a respeito de João 1:1: “A força qualitativa do predicado se destaca tanto que o substantivo [theós] não pode ser considerado como determinativo.”
    Assim, João 1:1 destaca a qualidade da Palavra, que ela era “divina”, “semelhante a deus”, “um deus”, mas não o Deus Todo-poderoso. Isto se harmoniza com o restante da Bíblia, que mostra que Jesus, ali chamado de “a Palavra” em seu papel de Porta-voz de Deus, era um subordinado obediente enviado à terra por seu Superior, o Deus Todo-poderoso.

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  6. = CONTINUAÇÃO- JOÃO 1:1 ( Há muitos outros versículos bíblicos nos quais quase todos os tradutores em outras línguas coerentemente inserem o artigo “um” ao traduzirem sentenças gregas com a mesma estrutura. Por exemplo, em Marcos 6:49, quando os discípulos viram Jesus andar sobre a água, a versão Almeida, atualizada (ALA), diz: “Pensaram tratar-se de um fantasma.” No grego coiné não existe “um” antes de fantasma. Mas, quase todas as traduções em outras línguas acrescentam “um” para que a tradução se ajuste ao contexto. Do mesmo modo, visto que João 1:1 mostra que a Palavra estava com “Deus”, a Palavra não podia ser Deus, mas sim “um deus”, ou “divina”.
    Joseph Henry Thayer, teólogo e perito que trabalhou na American Standard Version (Versão Padrão Americana), diz simplesmente: “O Logos era divino, não o próprio Ser divino.” E o jesuíta John L. McKenzie escreveu em seu Dictionary of the Bible (Dicionário da Bíblia): “Jo 1:1 deve rigorosamente ser traduzido . . . ‘a palavra era um ser divino’.” ALGUNS afirmam, porém, que tais traduções violam uma regra da gramática do grego coiné publicada pelo perito em grego E. C. Colwell, em 1933. Ele afirmou que em grego o substantivo predicativo “tem o artigo [definido] quando segue ao verbo; não tem o artigo [definido] quando precede ao verbo”. Com isso ele quis dizer que um substantivo predicativo que precede o verbo deve ser entendido como se tivesse o artigo definido (“o”) na frente dele. Em João 1:1 o segundo substantivo (theós), o predicado, precede o verbo — “e [theós] era a Palavra”. Assim, afirmou Colwell, João 1:1 deve rezar “e [o] Deus era a Palavra”.
    Mas, considere apenas dois exemplos encontrados em João 8:44. Ali Jesus disse a respeito do Diabo: “Esse foi um homicida” e ele “é um mentiroso”. Assim como em João 1:1, os substantivos predicativos (“homicida” e “mentiroso”) precedem os verbos (“foi” e “é”) no grego. Não existe artigo indefinido na frente desses substantivos porque não havia artigo indefinido no grego coiné. Mas a maioria das traduções insere a palavra “um” [expressa ou subentendida] porque a gramática grega e o contexto o exigem. — Veja também Marcos 11:32; João 4:19; 6:70; 9:17; 10:1; 12:6.
    Colwell teve de reconhecer isso a respeito do substantivo predicativo, pois ele disse: “É indefinido [“um”] nessa colocação apenas quando o contexto o exige.” Assim, ele mesmo admite que quando o contexto o exige, os tradutores podem inserir um artigo indefinido na frente do substantivo nesse tipo de construção de frase.
    Exige o contexto um artigo indefinido [expresso ou subentendido] em João 1:1? Sim, pois o testemunho da inteira Bíblia é que Jesus não é o Deus Todo-poderoso. Assim, não a questionável regra gramatical de Colwell, mas sim o contexto deve guiar o tradutor nestes casos. E, o fato de que muitas traduções [em outras línguas] inserem o artigo indefinido “um” em João 1:1 e em outros lugares, torna evidente que muitos peritos discordam com tal regra artificial, como também o faz a Palavra de Deus

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  7. LEMBRA DO WILGNER OS DOIS COMENTARIOS EM CIMA JOÃO 1;1.

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  8. Wilgner,

    Não me animo a debater nos comentários copy and past de textos disponíveis na internet. Prefiro interagir com o autor das ideias.

    Eventualmente, analiso artigos disponíveis na rede ou outras mídias, mas o faço na forma de artigos publicados.

    Clóvis

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  9. Eu não consegui entender seu comentario!, acho que vc me ironizou etc...
    Mas td bem é que queria raciocinar com uma pessoa que tem conhecimento exato , era só isso ,ok !

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  10. Wilgner,

    Desculpe-me, não pretendi ofendê-lo e não usei de ironia. O que eu disse é que não gosto de debater em cima de textos copiados de terceiros na net, na forma de comentários. Isso porque gosto de tratar diretamente com o autor dos textos.

    No caso, presumi que você não é o autor dos textos postados no comentário e por isso lhe disse o que disse. Mas posso estar errado ao não atribuir-lhe a autoria.

    Quanto a ter "conhecimento exato", agradeço a consideração, mas estou longe de tê-los, especialmente no que diz respeito às línguas originais. Sou totalmente dependente de obras de referências. Não espere muito de mim nesse sentido.

    Clóvis

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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