Sete convicções da pregação bíblica

image

Para realizar a árdua tarefa de serem pregadores da Bíblia, homens e mulheres no ministério precisam estar comprometidos com certas verdades.

(1) A Bíblia é a Palavra de Deus. Como Agostinho o coloca: “Quando a Bíblia fala, Deus fala”. Essa é a convicção de que se eu posso realmente entender uma passagem em seu contexto, então o que eu sei é o que Deus quer dizer (eu não penso que muitos evangélicos, assim como muitos liberais, acreditem nisso).

(2) Toda a Bíblia é a Palavra de Deus. Não apenas Romanos ou Levítico, não apenas Efésios ou Ester. Não apenas as passagens “quentes”, mas também as “frias”.

(3) A Bíblia é auto-atestatória. Se pessoas podem ser expostas a um entendimento das Escrituras de maneira regular e constante, então elas não precisam de argumentos a respeito da veracidade das Escrituras. Portanto, um ouvinte ou leitor não precisa aderir totalmente à idéia dos dois primeiros compromissos para que Deus possa trabalhar na vida dessa pessoa por meio de sua Palavra.

(4) Isso conduz a uma abordagem da pregação do tipo: “Assim diz o Senhor”. Não estou me referindo a um método homilético aqui, mas a um desejo de abrir as Escrituras de modo que a autoridade da mensagem se apóie na Bíblia (isso funciona contra o espírito contrário à autoridade de nossa sociedade).

(5) O estudante da Bíblia precisa tentar chegar à intenção do autor bíblico. A primeira questão é: “O que o autor bíblico queria dizer ao leitor da Bíblia? Por quê?”. A teoria da Reação do Leitor adotada por muitos estudiosos literários hoje em dia não funciona no estudo da Bíblia. Posto de maneira simples: “A Bíblia não pode significar o que não significou”.

(6) A Bíblia é um livro sobre Deus. Ela não é um livro religioso de conselhos sobre as “respostas” que precisamos para um casamento feliz, sexo satisfatório, para o trabalho ou para perder peso. Embora as Escrituras reflitam muito a respeito dessas questões, elas são, acima de tudo, sobre quem Deus é e o que Deus pensa e quer. Eu entendo a realidade unicamente se tenho apreciação por quem ele é e o que deseja para sua criação e de sua criação.

(7) Nós não “tornamos a Bíblia relevante”; mas apenas mostramos sua relevância. A verdade é tão relevante quanto a água para a sede, e a comida para a fome. A publicidade moderna cria necessidades que de fato não existem para vender a mercadoria.

Haddon Robinson
In: A arte e o ofício da pregação bíblica

Seven convictions of biblical preaching

To accomplish the difficult task as preachers of the Bible, men and women in ministry must be committed to certain truths.

(1) The Bible is the Word of God. As Augustine puts it: "When the Bible speaks, God speaks." This is the belief that if I can really understand a passage in its context, then what I know is what God wants to say (I do not think many evangelicals, like many liberals, believe it).

(2) The entire Bible is the Word of God. Not only Leviticus or Romans, or Ephesians not only Esther. Not only the passages "hot" but also "cool."

(3) The Bible is self-atestatória. If people can be exposed to an understanding of Scripture on a regular and constant, so they need no arguments about the veracity of Scripture. So a listener or reader does not need to adhere fully to the idea of the first two commitments so that God can work in that person's life through his Word.

(4) This approach leads to the kind of preaching "Thus saith the Lord." I'm not referring to a homiletic method here, but a desire to open the Scriptures so that the authority of the message to be supported in the Bible (this works against the spirit contrary to the authority of our society).

(5) The Bible student must try to reach the biblical author's intention. The first question is: "What the biblical author meant the reader of the Bible? Why?. The theory of reader reaction adopted by many literary scholars today do not work in Bible study. Put simply, "The Bible can not mean it did not mean."

(6) The Bible is a book about God. It is not a religious book of advice on the "answers" we need for a happy marriage, good sex, for work or lose weight. Although the Scriptures reflect much on these issues, they are, above all, about who God is and what God thinks and wants. I understand the reality only if I have appreciation for who he is and wish for his creation and his creation.

(7) We do not "make the Bible relevant", but just show its relevance. The truth is as important as water for thirst, and food for the hungry. The modern advertising creates needs that really are not there to sell merchandise.


9 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Clóvis,

    Excelente texto, sobre tudo depois da rusga sobre os adventistas no post do livre-arbítrio. Em especial sobre o ponto 5, sugiro a leitura de um texto que publiquei em meu blog, Sola scripurae! Quae scripturae?, sobre versões Bíblicas.

    Na Paz,
    Esli Soares

    p.s.: Também sinto falta de comentar aqui, tenho andado meio ocupado e estou sem internet em casa.

    ResponderExcluir
  3. Meus irmãos em Cristo Jesus, paz e graça.

    Estive reunido hoje com os irmãos presbiterianos(pois culto a Deus é feito no dia a dia, não necessariamente em dias da semana e em templo feito pelas mãos dos homens)e não fui abençoado com o sermão, muito embora alguns líderes tenha se empolgado com a pregação.
    O pastor covidado abordou os versículos 1 a 3 do capítulo 8 de Lucas: "Aconteceu, depois disso, que andava Jesus de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus, e os doze iam com ele; e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete de mônios; e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Suzana e muitas outras, as quais lhes prestavam assistência com os seus bens". Em nome de Deus, irmãos, onde está escrito nesta porção da Palavra que temos obrigação de cooperar com ofertas e dízimos para o ministério de missões. Afinal de contas, onde está escrito, no Novo Testamento, a obrigatoriedade do dízimo? Não quero dizer que a oferta não seja um dever do crente, tendo em vista a necessária manutenção da igreja, e que tal oferta seja, se possível, em numerário, mais que 10%, ou seja, muito mais que 10%, de acordo com o desejo do coração, porém não como obrigação. Por favor, irmãos, se estou errado me corrijam. Se de fato há na bíblia alguma porção que refere-se a este assunto, por favor me comuniquem. Quero e preciso conhecer mais de Jesus, por isso comto com os irmãos. Abraços fraterno!

    ResponderExcluir
  4. Anselmo,

    Com a licença do Clóvis(espero que vc me dê licença), me manda um e-mail. Acho que não é bom esse assunto ser tratado em aberto (pois e trata de um pregação específica... questões éticas) e depois de entender o que foi dito (pregado) e em que situação, podemos tratar especificamente desse assunto.

    O caso é que vc estava ou é da presbiteriana e eu sou um pr. prebiteriano, asssim gostaria de tratar do caso pastoralmente.

    Se for o caso, depois, com a licença do Clóvis e sua, eu mando um e-mail da conversa particular para que se publicar aqui ou comentar.

    Clóvis,

    espero que vc entenda o meu pedido, caso vc ache melhor não ser assim tratado, retire o meu cometário e eu não vou tratar do caso particularmente. Caso contrário, depois da sua permissão eu posto o meu e-mail.

    Em Cristo

    Esli Soares

    ResponderExcluir
  5. Anselmo,

    Entra em contato comigo por e-mail.

    Segue meu e-mail (pelo que entendi o Clóvis ão achou ruim o meu pedido - por favor se manifeste Clóvis, hehehe)

    Em Cristo,

    Esli Soares
    rev.esli@yahoo.com.br

    ResponderExcluir
  6. Pr. Esli,

    Chegar à intenção do autor, que é o objetivo da interpretação bíblica, é o ponto mais ignorado pelos pregadores e ensinadores da Bíblia. O que mais vemos é o texto servindo aos propósitos do homem, significando o que este quer que signifique, em cada situação.

    Estou abrindo o seu blog agora. É novo? Não o conhecia.

    Em Cristo,

    Clóvis

    ResponderExcluir
  7. Anselmo,

    Como não estive presente no culto e não ouvi a pregação, não posso me pronunciar sobre o uso feito desse texto. Mas por um estudo cuidadoso do mesmo pode-se extrair princípios para a contribuição bíblica, para promoção do reino inclusive. Mas ele não se presta para uma imposição legalista do dízimo. Por isso que acho não creio que é possível se posicionar, sem ter estado ou ser informado a respeito do contexto e conteúdo em que o texto foi utilizado.

    Creio que o Pr. Esli, inteirando-se disso, poderá conduzir melhor a questão.

    Em Cristo,

    Clóvis

    ResponderExcluir
  8. Clóvis,

    Obrigado!

    De fato o objetivo de um verdadeiro pregador é anunciar a Palavra e não interpretá-la. Parece meio contraditório com o que Haddon Robinson disse, mas quando honestamente interpretando um texto, nosso objetivo não deve ser encontrar pontos de contatos com a nossa realidade para tentar encontrar alguma relevância nas Escrituras.

    O interprete deve buscar entender exatamente o que o texto diz, no tempo em que foi dito, para quem foi dito, porque foi dito. O interprete busca em sua interpretação ‘ouvir’ exatamente o que foi dito e no ato de pregar, a única coisa que deve ser feita é repetir exatamente o que o ‘ouviu’ do texto. Não se deve ‘adoçar’, completar, inferir, adaptar ou cortar o texto. Isso é pregação expositiva.

    Na Paz
    Esli Soares

    ResponderExcluir
  9. "O interprete deve buscar entender exatamente o que o texto diz, no tempo em que foi dito, para quem foi dito, porque foi dito. O interprete busca em sua interpretação ‘ouvir’ exatamente o que foi dito e no ato de pregar, a única coisa que deve ser feita é repetir exatamente o que o ‘ouviu’ do texto. Não se deve ‘adoçar’, completar, inferir, adaptar ou cortar o texto. Isso é pregação expositiva".
    Obrigado, pastor Esli, por esmiuçar biblicamente seu raciocínio supra citado, de forma tão coerente com a Palavra de Deus.

    ResponderExcluir

"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

Sua leitura deste post muito me honrou. Fique à vontade para expressar suas críticas, sugestões, complemetos ou correções. A única exigência é que seja mantido o clima de respeito e cordialidade que caracteriza este blog.