Por que não sou pedobatista? - 2

Argumentos bíblicos para o batismo infantil 

É um ponto pacífico que não há nenhuma referência bíblica direta ao batismo infantil. Isto não é conclusivo, mas deveria provocar alguma reflexão por parte dos irmãos que o defendem como norma para a igreja. Muitos enxergam indícios bíblicos do batismo de infantes em algumas passagens e temos que levá-los em consideração no estudo do tema.

O mais utilizado certamente são as referências aos "batismos de casas", como os de Lídia (At 16:15), do carcereiro filipense (At 16:33), de Estéfanas (1Co 1:16). Argumenta-se que é inconcebível que em todos esses lares, e outros referidos, não houvesse nenhum bebê e, caso houvesse, a cultura grega e romana demandariam que fossem batizadas junto com o chefe de família. Note-se, de início, que este argumento baseia-se no silêncio. O fato da Bíblia não dizer alguma coisa não prova essa coisa. Devemos considerar, também, que o conceito bíblico de casa não é equivalente à família, pois era bem mais abrangente que pais e filhos e incluía escravos, empregados, subordinados, agregados, etc. Se bebês devem ser batizados porque casas inteiras o foram, então empregados e pessoas sob ordens de crentes  de hoje também podem e devem ser batizados.

Outro argumento bíblico apresentado é a passagem bíblica em que Jesus diz "deixem vir a mim as crianças, não as impeçam" (Mc 10:13-16, cf Mt 18:3; 19:13-15; Lc 18:15-17). Argumentam que o batismo é imperativo para crianças e que os credobatistas são culpados de impedir bebês de irem a Jesus. Porém, a passagem nem de longe está tratando de batismo, e se elas oferecem algum apoio através de paralelo é à prática batista de levar filhos para serem apresentados na igreja. Jesus "impôs-lhes as mãos e as abençoou" (Mc 10:16), não aspergiu água nelas, não as batizou, nem os seus discípulos o fizeram. Acrescente-se também que o termo traduzido criança em Marcos e Mateus tanto pode se referir a bebês como a crianças maiores. É usada, por exemplo, para se referir a uma criança de doze anos (Mc 5:40) e aos próprios apóstolos (Jo 21:15) e embora o termo empregado por Lucas signifique literalmente bebê, o "vinde a mim" parece implicar certa idade.

Ainda uma outra passagem utilizada em apoio do batismo infantil é 1Co 7:14, que diz que o "o marido descrente é santificado pela mulher; e a mulher descrente é santificada pelo marido; doutra sorte os vossos filhos seriam imundos; mas agora são santos". Sendo os filhos de pais crentes santos, devem ser batizados. Porém, essa visão também cria mais problemas que soluções. Pois neste caso, como o marido descrente também é santificado pela mulher, deveria ser batizado também.

Em resumo dessa seção pode ser dito que enquanto que o batismo de crente é referido diretamente, através de prescrições e exemplos, o pedobatismo carece de qualquer base bíblica sólida, sobrevivendo às custas de referências indiretas fora do contexto de batismo e de pressuposições inseridas onde a Bíblia silencia.

Leia Por que não sou pedobatista? - 3
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31 comentários:

  1. Clovis, concordo com sua análise: sei que é uma discussão que abrange muitas coisas , e já perdura a tempos( e que Calvino nos chamaria de anabatistas por isso, MAS.... hehehehe)

    Coloquei o Cinco Solas entre os parceiros de banner do Projeto Spurgeon! dá uma olhada lá
    Abraços
    Armando

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  2. Graça e paz Clóvis.
    Concordo com sua argumentação, não só porque sou Batista, mas acima de tudo por não ver base bíblica para tal coisa. Outro detalhe que me chama a atenção são as próprias palavras de Jesus em relação ao batismo quando Ele disse que todo aquele que nele crê deveria ser batizado, uma criança, dependendo da idade irá se arrepender de que? Essa é a questão.
    Parabéns pela abordagem.
    Fique na Paz!
    Pr. Silas

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  3. Segunda assinatura, e com gosto! =)

    Por enquanto, eu creio, que nossos amados "pedos" não discordam de nada que foi dito, não é?

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  4. Neto,

    Um pedo está meio ocupado no momento, rs. Mas Calvino era pedo.

    As réplicas são conhecidas:

    1) Pedobatismo é para filhos de salvos. A Bíblia não mostra filhos de crentes sendo batizados já na idade adulta, como advogam os credobatistas. Logo, deveria ser ponto pacífico dos credos honestos que também não há evidência direta ALGUMA de que a posição deles sobre o batismo de filhos de crentes fosse a apostólica. Os pedos, ao menos, tem as casas e a análise da pirâmide etária da época (maioria de pessoas até 19 anos, muitos filhos, baixa expectativa de vida). Com este perfil e a visão de crianças da época, será mesmo que em todos estes casos as crianças tinham liberdade e maturidade para escolherem a fé que quisessem? Considerando a evidência histórica disponível, será mesmo que os pais cristãos deixariam os filhos escolher outra fé?

    2) O argumento pedo não é sobre o silêncio. A boa exegese é gramatical e HISTÓRICA. Considerar a pirâmide etária, a atitude judaica e helênica sobre as crianças e adolescentes (famílias patriarcais, a fé do patriarca é a de todos) é simplesmente ser fiel à exegese. Ignorar essa análise histórica, como o Clóvis parece preferir, é jogar meia exegese fora.

    3) A crítica ignora, ainda, completamente o papel dos filhos dos salvos na aliança. Se no AT eram incluídos, por que não no NT, se além de 1 Co 7:14 contamos com Atos 2:39?

    4) O marido incrédulo não é batizado porque pode se opor. A criança está debaixo da autoridade dos pais. Não se esqueçam que Ana ofereceu Samuel ao Senhor e decidiu a vocação dele antes mesmo da concepção! Logo, qual o absurdo de um pedobatismo?

    5) A definição de "casa" é cultural. Hoje empregados não são mais batizados porque s famílias não são patriarcais. Mas servos e agregados seriam batizados sim onde eles estivessem incluídos numa definição de "casa" diferente da visão OCIDENTAL sobre o assunto.

    Fico por aqui.

    Helder Nozima
    Barro nas mãos do Oleiro

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  5. Neto e Clóvis,

    Como disse o Esli, acho que o começo deveria ter sido outro: o que é batismo? É em cima desta definição que deveríamos trabalhar inicialmente. E até nisso temos disputa: é ordenança e meio de graça (Grudem) ou sacramento (Calvino)?

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  6. Neto, mais uma coisa:

    Não transporte para o século I a visão que nós, ocidentais, temos da criança e do adolescente no século XXI. Considere a forma como eram vistas, a autonomia delas, o papel. Sem isso, fica impossível enxergar todas as dimensões do pedobatismo. E aí a exegese não fica legal.

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  7. Os Valdenses, eram pedobatistas?
    As colocações do pr Helder foram bem pertinentes.

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  8. Luciano,

    Pelo que me lembro da minha monografia, os valdenses não eram pedobatistas.

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  9. Pr Helder eu tenho sua monografia.( parabéns ) Mas parece que eles eram sim. Pelo menos muitos (?) ou alguns (?). Tenho um livro, inclusive está na bibliografia de sua monografia, de Philippe Landes, que nas paginas 43,44 ele mostra que era.
    Ou seja um dos baluartes do cristianismo, especialmente dos batistas quando se tratando de preservação do texto Receptus, parecem que eram pedobatistas, pelo menos uma boa parte !

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  10. Luciano,

    O valdenses, ao contrário do que se pensa, não era um movimento monolítico, no tempo e no espaço. Durante os séculos de sua existência, tiveram maior ou menos aproximação com os católicos, chegando algumas vezes a aceitar os sacramentos romanos, mesmo considerando-os como atos desagradáveis, porém irrelevantes, não fazendo nem bem nem mal para a alma.

    Embora na maior parte do tempo e de forma mais expressiva tenham sido credobatistas, é certo que pelo menos localizadamente ou eventualmente, praticaram o pedobatismo. Inclusive Lutero reclamou deles por batizarem seu filhos pequeninos (quão pequeninos não sei) mas rebatizavam luteranos que se uniam a eles.

    Bem, mas se for para recorrermos ao "marginais" de antes da Reforma, temos que nos referir ao paulicianos, bem mais antigos que os valdenses, com origem comprovada pelo menos século VI. É certo que tinham algumas doutrinas questionáveis, porém no que respeita ao batismo foram uniformemente credobatista, em toda a sua história. Um ensinamento chave deles era de que havia três mistérios divinos proclamados por Deus: o arrependimento, o batismo e a comunhão, "esses três foram dados a adultos".

    O batismo era praticado pelos paulicianos de joelhos dentro dágua, em qualquer rio que fosse conveniente, precedido de confissão de pecados "com amor e lágrimas". O batismo era para testemunho diante da congregação.

    Em resumo, temos um movimento de pelo menos cinco séculos antes da reforma que foi, predominantemente credobatista e outro, com cerca de mil anos antes da reforma sendo consitentemente credobatista.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  11. Irmãos,

    Os outros comentários serão considerado assim que eu puder.

    Não estou conseguindo comentar durante o dia e dou aula de segunda a quarta. E nesta semana viajo na quinta.

    Mas vamos que vamos.

    Deus os abençoe.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  12. Isso significa que os paulacianos ( primeira vez que ouço falar desses novo nome dos anabatistas ! )eles em contrapartida dos valdenses eram um 'movimento monilitico no tempo e no espaço'? Eles tb nunca chegaram perto das veredas romanas? ( nossa, falar isso dos valdenses é perigoso...? não sei.) E essas doutrinas falhas deles, não poderiam estar tb ligadas ao batismo?
    Irmão Clóvis, nessa pagina http://www.palavraprudente.com.br/estudos/steve_h/micelanea/cap02.html apresenta sempre a tendencia, dos batistas apresentarem a historia como sendo imersionista, sempre e tão somente esses são os 'santos do supremo'. (Conheço *Pessoalmente o pr fundamentalista autor dessa pagina, Calvin Gardner. Me lembro de que certa vez, tive que dizer que muitos anabatistas eram ati-trinitarios, ele sorriu e me tratou como que estivesse diante de um desinformado.Afinal, os anabatistas são os eleitos !!!) Mas não sei se teríamos uma antiguidade maior do que a de Origines, antes desses citados acima, em dizer que o pedobatismo é praxe apóstolica. O herege do Russel Norman Chanplin, chega ao absurdo de dizer que os apóstolos poderiam estar errados ! Essa é a saída dele, pois ele precisa de Orígines para demonstrar sua tese de salvação pós morte. Mas uma coisa é o que Orígenes interpretava e outra é a sua informação e herança histórtica.
    Batistas, 'lamento', mas alguns mais proximos dos apóstolos, nos deixaram um legado que jamais vocês poderão apagar.

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  13. Este comentário foi removido pelo autor.

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  14. Refazendo meu comentário...

    Depois do comentário do Helder, o que eu poderia acrescentar?? rsrsrs

    Meu caro irmão Clóvis, você precisa primeiramente definir para todos nós o que é o batismo! Antes de começar qualquer debate sobre o pedobatismo, devemos começar, antes de tudo, falando sobre a proposição maior. Defina o Batismo, e a partir disso, poderemos analisar a prática pedobatista em cima desta definição.

    Veja o que você precisa explicar antes de começar a falar sobre o pedobatismo:

    1. Explicar o que é a Igreja;
    2. Explicar quem faz parte da Igreja;
    3. Explicar se Israel e a Igreja do Novo Testamento eram idênticas ou diferentes;
    4. Explicar qual era o termo de admissão para se ingressar na comunidade de Israel? Explicar quem deveria fazer parte da comunidade;
    5. Explicar qual era o termo de admissão para se ingressar na Igreja do Novo Testamento? Explicar quem deveria fazer parte da Igreja;
    6. Explicar se as crianças faziam parte da comunidade de Isarel e por quê;
    7. Explicar se as crianças eram excluídas da Igreja do Novo Testamento;
    8. Explicar se as crianças necessitam de receber os benefícios da Redenção;

    Que tal?

    Abraços.

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  15. Luciano,

    Obrigado pelos elogios da monografia. Vc tb é mto eloquente. Mas vou te dar uma puxada de orelha. Você sabe muito, mas precisa dar uma dosada nas palavras. Aqui é com irmãos que você está discutindo. E digo que tanto o Clóvis como o Neto são ótimos debatedores, que sabem ouvir e pesar argumentos. Acho que aqui não é lugar para aplicar a apologética à la Cheung.

    Graça e paz do Senhor,

    Helder Nozima
    Barro nas mãos do Oleiro

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  16. Helder...

    Apoiado 100%, eu assino em baixo!

    Esli Soares

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  17. Embora estou sendo mal interpretado, estão confundindo convicção com briga. Mas estou aqui pra aprender Helder.

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  18. Luciano,

    Convicção eu também tenho. E acho que não sou lá conhecido como um debatedor soft. Mas eu quero, antes de ganhar o debate, ganhar as pessoas para o meu lado. E aí, dizer as mesmas coisas em tom menos pedante ou ofensivo, ajuda.

    Aprendi aqui na Internet que quase todas as discussões são, antes de tudo, emocionais. Às vezes vc tem os argumentos certos, mas se vc usar de certo tom, as pessoas se recusarão a lhe dar razão. Não acho que isso seja o melhor dos mundos, mas é assim. E eu quero trazer um ou dois credos para o pedobatismo. Você não quer o mesmo?

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  19. Armando,

    Obrigado por suas palavras. De fato, eu seria muito, mas muito pretencioso mesmo se quisesse resolver esta questão. Meu objetivo é mais modesto: expor as razões por que sou credo e não pedobatista, e discutir com os irmãos tais razões.

    Obrigado por incluir o Cinco Solas no PS.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  20. Neto,

    "Por enquanto, eu creio, que nossos amados "pedos" não discordam de nada que foi dito, não é?"

    Pelos comentários, parecem que não concordam muito, não.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  21. Helder,

    Avise-me se eu me desviar do propósito de discutir o tema de forma produtiva e respeitosa. Prefiro parar que me indispor com os irmãos nesta questão que é importante, mas que reconhecemos concordar no essencial.

    O irmão escreveu: "As réplicas são conhecidas". De fato, estou tratando dos argumentos pedobatistas, quer sejam usados positivamente, que sejam usados defensivamente. Como estou apresentando o porque não considero tais argumentos convincentes, seria interessante que fosse replicado por que são convincentes. Neste post, especificamente, tento demonstrar porque tais passagens não implicam batismo infantil. Quer dizer, exegeticamente, não pretendiam ensinar a prática do batismo de crianças. Mas posso estar equivocado na minha conclusão.

    1) Acho que nesta questão o que precisa ser debatido é: o fato das prescrições batismais e de todos os batismos regitrados na Bíblia serem de fiéis, é normativo? Quer meus irmãos pedobatistas gostem ou não, os dados bíblicos disponíveis apontam para o credobatismo. Quanto ao fato de não haver registro de crianças sendo batizadas não ser conclusivo, admiti isso no artigo. Quanto aos argumentos sociológicos, considerei respondê-lo mas optei deixar de lado, pois se o precedente histórico já é complicado, quanto mais às questões culturais. Então preferi reservar essa questão para uma outra ocasião.

    2) Sobre o argumento ser histórico, no sentido de levar em consideração os condicionantes culturais, políticos, religiosos, etc., pode até ser. Mas gramatical? Gostaria muito de ver uma exegese gramatical dos textos considerados no artigo que comprovasse a biblicidade do pedobatismo.

    3 e 4) Sobre At 2:39, creio que pode ser adicionado aos textos-indícios do pedobatismo, mas não estou certo se uma boa exegese do texto aponta nessa direção. Quanto a oposição, você já disse que se batizaria a mulher cônjuge, mas não o marido, eu entendi. Isto significa que o que habilita alguém para o batismo é a incapacidade de resistir e havendo meios qualquer um poderia ser constrangido ao batismo. Isto não se aproxima perigosamente do jeito romanista de fazer missões nas colônias portuguesas e espanholas?

    5) Como já lhe disse, o aspecto cultural envolvido na questão é complicado. Se você justifica o batismo infantil com base na cultura da época, ou da região, então o batismo deixa de ser algo espiritual para ser um fenômeno cultural. Numa fazenda no interior do Acre os empregados poderiam e deveriam ser batizados junto com o patrão e as mulheres todas deveriam ser batizadas com o marido, haja vista que devem ser sujeitas ao mesmos.

    Uma última colocação: não vejo absurdo no batismo infantil, vejo falta de apoio bíblico positivo e uma dependência de fatores culturais e históricos que são, para dizer pouco, controversos.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  22. Helder,

    "Como disse o Esli, acho que o começo deveria ter sido outro: o que é batismo? É em cima desta definição que deveríamos trabalhar inicialmente. E até nisso temos disputa: é ordenança e meio de graça (Grudem) ou sacramento (Calvino)?"

    Você apontou a razão por que eu não enfatizei o significado do batismo: preferi discutir a prática e as motivações para ela, as quais pressupõem o significado, do que me delongar nas discussões quanto ao mesmo. Na introdução, mencionei as variações existentes entre os que defendem o pedobatismo, e só por ali você já vê como há pano para manga nesta questão.

    Por outro lado, mais que discutir o batismo em si em sua relação com a salvação, etc, quis expor por que sou credobatista e não pedo batista.

    Mas podemos discutir o ponto zero. Desde que o façamos a partir da Bíblia e não de definições teológicas (entendo que a teologia bíblica deve preceder a teologia sistemática).

    Em Cristo,

    Clóvis

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  23. Luciano,

    Paz seja contigo.

    "Isso significa que os paulacianos ( primeira vez que ouço falar desses novo nome dos anabatistas ! )eles em contrapartida dos valdenses eram um 'movimento monilitico no tempo e no espaço'? Eles tb nunca chegaram perto das veredas romanas? ( nossa, falar isso dos valdenses é perigoso...? não sei.)"

    Sim, comparativamente aos valdenses, os paulicianos eram mais homogêneos. Na verdade eram mais combativos e por isso mesmo foram mais condenados e perseguidos que os valdenses. Enquanto estes fizeram movimentos estratégicos, em relação à igreja católica, às vezes fazendo concessões no que consideravam indesejável mas tolerável, os paulicianos eram sempre combativos. Mas por favor, não entenda que minha avaliação dos valdenses é depreciativa, muito pelo contrário, tenho profunda admiração por eles. Porém, não devemos idealizá-los, como não devemos idealizar nem a igreja de Atos.

    "E essas doutrinas falhas deles, não poderiam estar tb ligadas ao batismo?"

    Ao que me lembre, não. Eles são questionados quanto à forma de entender a união das duas naturezas de Cristo, porém, nada que interfira no batismo. Aliás, o batismo nas comunidades paulicianas eram ministrado invocando-se a Trindade.

    "Irmão Clóvis, nessa pagina http://www.palavraprudente.com.br/estudos/steve_h/micelanea/cap02.html apresenta sempre a tendencia..."

    Amado, neste debate não estou levando em conta refregas passadas ou presentes entre batistas e pedobatistas. Eu poderia chocar relatando execuções de anabatistas por terem renunciando seu batismo na igreja católica romana, execuções realizadas por protestantes. Mas, onde isso nos levaria? O que pretendo é pesar os argumentos e se faço alguma menção a fatos dessa natureza é unicamente para ilustrar um fato, pois Serveto pode ser usado e abusado, mas se eu quiser saber sobre a doutrina de Calvino, as Institutas e os comentários devem ser minha referência.

    Também conheço o Gardner (não pessoalmente), concordo com muito coisa que ele escreve, discordo de tantas outras, mas realmente não gostaria de traze-lo para este debate, como não traria o Hélio Menezes para discutir bibliologia, embora seja a área de interesse dele.

    "Mas não sei se teríamos uma antiguidade maior do que a de Origines, antes desses citados acima, em dizer que o pedobatismo é praxe apóstolica..."

    Minha pesquisa não é exaustiva, mas parece as referências anteriores a ele substanciam a posição credo. De qualquer forma, não coloco em dúvida a palavra do Orígenes, acho que ele acreditava mesmo no que escreveu, talvez até tivesse sido batizado na infância, pela época que viveu.

    "Batistas, 'lamento', mas alguns mais proximos dos apóstolos, nos deixaram um legado que jamais vocês poderão apagar".

    Luciano, parece que quando você diz "batista" está se referindo a uma denominação, e talvez mais precisamente a uma parte da denominação que pode não ser representativa. Acho que dizer "onde estavam os anabatistas antes da reforma?" soa muito parecido com a pergunta católica "onde estavam os protestantes antes de Lutero?". Bom, o fato é que tanto credobatistas como protestantes tem resposta para as duas perguntas, respectivamente.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  24. Heitor,

    Se me permite, parece (posso estar enganado) que você está fugindo um pouco da questão. Quando postei o texto sobre o credobatismo, disse que esperaria o artigo sobre pedobatismo. Agora pede que eu discorra sobre a igreja, a continuidade da aliança, o rito de iniciação na comunidade de Israel e na igreja, etc, etc, etc. Posso fazer tudo isso, se contribuir para lançar luz sobre o que estamos discutindo. Mas receio que ao invés de uma argumentação propositiva de sua parte, venha mais questionamentos.

    Vou responder rapidamente, então me perdoe se eu sacrificar alguma precisão teológica, se bem que vários desses pontos são abordados na série de artigos.

    1. Igreja é o Corpo de Cristo, a comunhão universal de todos os santos.
    2. Da definição acima, todos os santos.
    3. Sim, há uma só igreja, embora no AT estivesse oculta e ainda hoje seja invisível ao homem.
    4. Para fazer parte da teocracia, a circuncisão. Para fazer parte da igreja no AT, a fé.
    5. Para fazer parte da igreja, a fé.
    6. Todos os filhos dos Israelitas faziam parte da teocracia, via circuncisão.
    7. Ninguém que faça parte da igreja é excluída (estamos falando da igreja universal, suponho).
    8. Nem precisa explicar, claro que todos precisam.

    Seria justo, agora, que eu lhe pedisse para responder às mesmas perguntas que fez?

    Em Cristo,

    Clóvis

    ResponderExcluir
  25. Obrigado pela resposta irmão Clóvis. Só para esclarecer, eu disse 'batista' me ferindo ao assunto em questão. E onde eu perguntei sobre os anabatistas antes da reforma?

    em Cristo

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  26. Clóvis,

    Não estou fugindo da questão, pelo contrário, todas as questões que levantei têm a ver (de uma forma ou de outra) com a questão do batismo.

    Perceba que todas essas questões estão entrelaçadas. De uma forma e de outra, todas elas estão ligadas umas às outras. A idéia que irei ter sobre o batismo depende das definições que terei sobre a igreja, a continuidade da aliança, o rito de iniciação na comunidade de Israel e na igreja, etc, etc, etc.

    Meu irmão, a intenção dessas discussões não é produzir mais questionamentos (como vc acha que seja minha intenção), e sim enxergar as conseqüências (e assumí-las) de abraçar um pressuposto teológico que entre em conflito com aquilo que achamos ser o batismo.

    Em outras palavras, o batismo infantil será uma conseqüência das definições teológicas das questões que eu levantei.

    Pretendo sim responder a essas questões, mas em forma de postagens.

    Espero sua apreciação quando começar a postar.

    Abraços.

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  27. Luciano,

    "E onde eu perguntei sobre os anabatistas antes da reforma?"

    Não perguntou. Interpretei errado sua referência aos "batistas". Por favor desconsidere.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  28. Heitor,

    "Pretendo sim responder a essas questões, mas em forma de postagens. Espero sua apreciação quando começar a postar."

    E as terá, com o maior prazer de minha parte, pois com certeza cresceremos juntos, seja concordando, seja discordando.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  29. Heitor,

    Estou com tempo bastante limitado para visita a blogs, o que é uma pena. Então, por favor, não esqueça de me avisar quando postar algo sobre as questões a mim propostas, para que eu não perca a postagem.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  30. Irmão Clóvis,

    Gostaria da sua ajuda à seguinte questão que se me apresenta:

    Fui verdadeiramente convertido a Cristo ano passado, depois de longo período sob os ditames de um movimento sectário pseudocristão, sendo o contato com o seu blog parte importante do processo de entendimento do cristianismo "puro e simples". Glória a Deus por isso!

    Estando eu num impasse entre ser cristão "batista" ou cristão "presbiteriano" (embora com um pendor maior pelo presbiterianismo, pelas minhas convições teológicas calvinistas e pela coerência que observo), quais as ressalvas que você me faria para cada caso? (Ah! Quanto ao modo do batismo e a "discussão" credobatismo/pedobatismo, não tenho mais nenhuma dificuldade: sou pedobatista, especialmente depois que li "Batismologia e Pedobatismo", do Annybal Nóra e "Batismo Cristão - Imersão ou Aspersão" do Charles Hodge).

    Se considerar mais apropriado fazer essa análise de forma particular, por questões éticas, posso passar-lhe o meu e-mail.


    Como sempre, espero pacientemente suas considerações.


    Em Cristo,

    Jairo Lima






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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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