Expiação e cura


"Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados" Is 53:4-5

cruz1 No capítulo 53 de seu livro, Isaías nos apresenta uma descrição do Messias em seu estado de humilhação. Ele "não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos" (Is 53:2) e "foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca" (Is 53:7). Apesar da aparente fraqueza, o Senhor não era uma vítima indeveza, mas um substituto voluntário, para sofrer na cruz o castigo a nós devido. Todas as bênçãos que hoje desfrutamos fluem do Calvário, pela morte de Jesus. Isso inclui a cura de nossas enfermidades.

O texto diz que Jesus "tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si" e que "pelas suas pisaduras fomos sarados". Ao ser levantado na cruz, o senhor proveu o que era necessário para que nossas enfermidades fossem tiradas. Mas que tipo de doença o profeta tem em mente?

Cura para nossas enfermidades físicas

Após curar com seu toque um leproso e com sua palavra o criado de um centurião, Jesus entra na casa de Pedro e encontra a sogra deste acamada e ardendo em febre. Ele "tocou-lhe na mão, e a febre a deixou; e levantou-se, e serviu-os" (Mt 8:15). Já no final da tarde "trouxeram-lhe muitos endemoninhados, e ele com a sua palavra expulsou deles os espíritos, e curou todos os que estavam enfermos" (Mt 8:16).
É interessante notar o comentário do evangelista, ao explicar as curas que Jesus havia realizado. Segundo ele, Jesus curou os enfermos "para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e levou as nossas doenças" (Mt 8:17). Para Mateus, a cura de doenças físicas e a libertação de espíritos malignos eram cumprimento da profecia sobre o Messias.

Cura para a doença do pecado

O pecado é usualmente descrito na Bíblia como uma doença. Uma das representações mais fortes do pecado é a lepra, com suas terríveis consequências físicas e sociais. Portanto, embora o Senhor fosse movido por compaixão a curar as mais diversas doenças físicas, a cura da alma da chaga do pecado é sua obra principal.

Pedro ecoa Isaías quando descreve a crucificação dizendo "quando o injuriavam, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente" (1Pe 2:21). Continua o apóstolo "levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados" (1Pe 2:22). Fica claro que Pedro aplicava a cura profetizada por Isaías à enfermidade do pecado, entendendo-a como conversão a Deus, "porque éreis como ovelhas desgarradas; mas agora tendes voltado ao Pastor e Bispo das vossas almas" (1Pe 2:23).

Os dons de curar

Contudo, a compreensão de Mateus e de pedro não são conflitantes, ambos enfatizam um aspecto da obra do Senhor no Calvário, ênfases que são complementares. Jesus não quer apenas curar o corpo, deixando a alma enferma. Tampouco terá prazer em salvar a alma, sem se preocupar com a cura do corpo. A mesma preocupação deve ter a igreja, priorizando a salvação eterna, mas sem negligenciar a cura para as diversas doenças a que as pessoas são acometidas.

Talvez um indício dessa amplitude da cura esteja na referência paulina aos dons espirituais. Ao se referir à cura o apóstolo usa o plural, referindo-se aos "dons de curar" (1Co 12:9,28). O Senhor é o Deus que nos sara, tanto física como especialmente espiritualmente. E isso porque Jesus, na cruz, adquiriu saúde para nós.

Soli Deo Gloria

4 comentários:

  1. Deus é Todo-Poderoso, Onipotente, pode qualquer coisa. No entanto, as seitas, com os seus apóstolos , bispos, missionários, etc, se apropriaram desse poder, fazendo uso indevido desses dons divinos, especialmente a "cura".

    Olha Clóvis, eu desconfio demais dos crentes que fazem propaganda dos dons: profecias (humanas), línguas estranhas, curas... o que tenho visto é somente engano e mais engano. Enquanto isso, o dom de curar a alma fica negligenciado, quando não, abandonado completamente. Buscam os dons e não buscam o doador; querem a cura do corpo, mas não a da alma. Sou ultimamente muito cético com relação aos tais que se auto-proclamam profetas da cura, posto que o que mais se vê são fraudes, curas de doenças imaginárias; subjetivismos. Prefiro a pregação da Palavra, a busca a Cristo sem intermedios, a cura da alma buscando diretamente o Todo-Poderoso.

    Em Cristo,

    Ricardo

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  2. Ricardo e Clóvis,

    Sobre milagres, não tenho dúvida nem que existiram nem que existem, sobre ações sobrenaturais também (digo isso com o devido cuidado). Mas tenho que concordar com o Ricardo, por diversas razões, acho que esse discurso pentecostal (neo, pos, ou pseudo-pentecostal) é cansativo, incoerente, errado e desnecessário.

    Dons não são nossos, nunca! Nenguem tem (ou teve) o dom de profetisar, de curar, de falar em linguas, nem mesmo o de revelar as escrituras. Isso aconteceu (ou acontece) para um fim proveitoso.

    Então devemos buscar a Deus, seu Reino, sua vontade, as demais coisas (inclusive os dons, lembrando a questão do propósito) serão acrescentados.

    'Buscar' os Dons pode ser(e nas maioria das vezes é) um impedimento para buscar (verdadeira espiritualidade)a Deus. Vive-se tanto a procura de algo sobrenatural que não vemos Deus no natural.

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  3. aristeu ferrreira lopes12 de abril de 2010 às 15:00

    Caro irmão clóvis,
    é triste vermos tanta gente por ai, fazendo do tema em apreço, verdadeiro carro de batalha em devesa de uma doutrina mal lida e mal entendida.
    aristeu lopes-direto ao assunto-
    soli deo glória

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  4. O Deus que devemos crer é o Deus Todo Poderoso, pai de Abraão, Isac e Jacó.

    Ele não muda e os seus sinais seguem os que creêm.

    Não é porque existem muitos "picaretas" por aí que devemos nos opor aos dons que o Espírito Santo derrama para edificação da igreja.

    Márcio

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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