Escatologia: consenso e variações

A preocupação com a escatologia tem tomado formas diferentes em grupos diferentes. Nos círculos cristãos conservadores, relacionase com a ordem dos acontecimentos concernentes à Segunda Vinda de Cristo. Os conservadores chegaram a um consenso nos pontos principais da escatologia por volta do início do século XX. Todos os seres humanos (exceto os que ainda estiverem vivos na volta do Senhor) devem passar pela morte física e, nesse momento, passam para um estado intermediário apropriado à sua condição espiritual.

Os que se entregaram à obra salvadora de Jesus Cristo irão para um lugar de bem-aventurança e galardão; mas os que não se entregaram irão para um lugar de castigo e tormento. Em algum tempo futuro, Cristo voltará de modo corpóreo. Então todos os mortos serão ressuscitados e entregues ao seu destino final — o céu ou o inferno. Lá permanecerão eternamente numa condição inalterável.

No entanto, nesse esquema geral, tem havido considerável variação. Primeiro, em relação à questão de haver um milênio (um reino de Jesus Cristo na terra por mil anos), e segundo em relação à posição dos que dizem “sim”, quanto à volta de Cristo acontecer no começo ou no fim do milênio. Entre os que sustentam que essa volta antecederá o milênio, alguns acreditam que a igreja passará por um período de intensa angústia chamado de “grande tribulação”; outros acreditam que a igreja será retirada do mundo ou “arrebatada” antes da tribulação. Nos anos recentes tem havido muito debate em torno dessas questões. Quer concordemos ou não com a relevância dessas questões devemos examiná-las, pois aqueles que as discutem as consideram importantes.

Millard J. Erikson

26 comentários:

  1. Clóvis,

    Estou pensando em comprar esse livro. E já que você postou sobre ele, gostaria de saber o que você achou.

    Um abraço,

    Rodrigo

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  2. Rodrigo,

    O livro é uma edição revisada do antigo "Opções contemporâneas na escatologia", no qual apresenta as concepções milenistas (pós, a e pré) e tribulacionistas (dispensacionalismo, pré-trib, pós-trib e variações). A revisão atual é mais para atualizar a posição dispensacionalista, tendo em vista o surgimento do dispensacionalismo progressivo.

    O livro é informativo e didático, portanto não há uma defesa clara de uma posição ou outra e este eu acredito que seja o principal mérito da obra. Vale a pena a aquisição e a leitura.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  3. Aqui um assunto que fico com a cama dos politicos, 'o muro'. Tenho respeito sincero com o pré-milenismo histórico. Mas ao mesmo tempo é dito que os reformadores eram pós-milenista, o que outros dizem que não e sim que eles eram aquilo que hoje chamamos de amilenismo. O monergismo.com trabalha na propagação do pós milenismo...bem fico por enquanto com o 'pan-milenismo' e/ou 'milenismo' ( como diz Julio Andrade, nem A nem Pós nem Pré, mas sim Milenismo! ( rsrsr) )
    ass Luciano

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  4. Luciano,

    Se é para se posicionar, sou pré-milenista histórico. Já fui pré-tribulacionista, mas embora ainda haja algumas espinhas no peixe pós-tribulacionista, como dele hoje.

    De qualquer forma, não sou dogmático, ainda, nessa questão.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  5. Acho muito espinhosa a escatologia como um todo. Não raro um tropeço aqui outro lá é o que os interpretes aprendem, e precisam, conviver. Já perdi sono lendo as posições, em especial em livros que debatam o assunto. Cansei! Acho que Leio Apocalipse 20 igual arminiano lê Rm 9... não sei o que pensar exatamente.Deixei de ser pré-milenista historico por que esse ainda mantem a presença do pecado após a vinda de Cristo...'mas fiquei sem mãe', pois tb acho que o amilenismo não é satisfatorio 'totalmente' nesse texto crucial. Se existisse um milenismo que não se posicionasse sobre a 'natureza' do milenio,( pois Ap 20 não mostra isso ) acho que eu me posicionaria. Por isso digo que sou 'milenista'.

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  6. Me atrevo como assembleiano,indicar um livro interessantissimo a respeito de escatologia, que é A IGREJA E AS ULTIMAS COISAS de LLOYd-JONES(ed.PES)Leiam vale a pena.

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  8. Carlos e Clóvis,

    Como presbiteriano que sou (rsrsrs), me atreverei, também, a indicar dois livro interessantíssimos (interessantíssimo é por que é de interesse santíssimo?-rsrsrsrs):

    1 - Milênio - Significado e intepretação - o prof. Robert Clouse - reuniu 4 pensadores nas 4 correntes mais comum - editodo por Robert G. Clouse, Campinas, Luz para o Caminho - muito bom e escarecedor, sem ser tendencioso.

    2 - A Bíblia e o futuro - Anthony Hoekma - Cultura Cristã - esse é claramente a perspectiva Amilenista, daqual sou signatário (então esse é o tendencioso, mas, claro, como demonstra a verdade, é, também, muito bom - rsrsrsrsrsrs).

    Valeu.

    Esli Soares

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  9. Carlos,

    Obrigado pelo seu "atrevimento", já ouvi desse livro mas ainda não o li.

    Esli,

    Já li a sua indicação de número 1 e a 2 está na fila. Eu sou milenista, então vou ler apenas para comprovar como uma posição errada pode ser bem defendida, rsrsrsrsrs

    Em Cristo,

    Clóvis

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  11. Clóvis...

    Muito boa, "uma posição errada pode ser bem defendida"... mas vc ainda encontrará TODA a verdade... rsrsrsrs, vc é aquele caso do cego que Jesus curou em duas etapas... brincadeira.

    Na Paz daquele que em breve vira (nisso nós concordamos, amém!)
    Esli Soares

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  12. Esli,
    Obrigado pelas dicas (pela sua também do Erickson, Clóvis). Tendo a ser amilenista, mas estou muito confuso! rsrsrs
    No Senhor,
    Roberto

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  13. Esli, Roberto e Clóvis...
    Bem já que a moda aqui é ser atrevido, gostaria de sê-lo.
    Para um defesa pós milenista mais atacando o pré-milenismo veja
    A Ilusão Pré-Milenista, da editora Monergismo
    Para ficar confuso, rsrs, leia Os Ultimos Dias Segundo Jesus do R C sproul pela cultura cristã.

    Esli, uma pergunta: Você como Amilenista ( que todo presbiteriano pós berckofiano é ) entende a ressurreição de Ap 20.4,5 como sendo;1) a morte e tranladação da alma, conforme ensina Hendricksen e Hoerkema ou 2) a primeira ressurreição conforme os mais antigos reformadores?
    Bom lembrar que Agostinho, Calvino, Edwards, os Hodge, Warfield, Greg Banhsen o terror dos ateus, Murray, Owen, Gresham Machen, entre outros,eram pós-milenista e que O Catecismo Maior, ( olha Esli que agora ficou dificil´...) na pergunta 191 é nitidamente pós-milenista.

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  14. Luciano...

    1)Você é bom... melhore a sua forma de escrever, ninguém de segurará.

    2)Eu também sou pos-milenista. Creio no pos-milenismo realizado...rsrsrs (imagino que isso deve responder alguma de suas questões).

    3)Basicamente meu esquema é o apresentado por Hoekema (mas em um segundo momento vou acrescentar sobre Ap 20;4,5, especificamente).

    4)Minha teologia sistemática não é de Berkhoff, e sim de Carles Hodge (e como vc disse ele era pos-milenista).

    5)Consigo entender por que os irmãos calvinistas antes de 1940 se consideravam pos-milenistas. Daí posso aceitar que Agostinho, Calvino, Edwards, os Hodge, Warfield, Greg Banhsen, entre outros, eram pós-milenista. Posso facilmente dizer que eles são meus melhores argumentos para ser amilenista.

    6)Eu considero o amilenismo uma evolução ou adequação da visão pos-milenista ao fatos da presente era. Assim todos os pos-milenistas são essencialmente amilenistas confusos ou que por força dos fatos da sua geração não tinha todas as informações e por isso contavam nas fileiras pos-milenistas.

    7)Sei que vai parecer estranho, mas para frente você vai me entender melhor, não sei se o fará concordar comigo, mas...

    Na paz de Cristo...
    Esli Soares

    P.S.:Mais uma intromedida sugestão (principalmente para o Roberto) - Criação e Consumação - Gerard van Groningen - Cultura Cristã

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  15. Esli, já fiquei preocupado. Já é a segunda vez que me diz isso. Pode ser mais claro...? Eu escrevo errado? Olha, um pouco é a falta de atenção mesmo e a não preocupação de revisar o que escrevo. Mas pelo jeito possuo um pouco de 'mulice'.(Rrsrs). Pode falar meu irmão ( e pr ) se é pra corrigir vamos lá! caso ache que vai ser duro demais, meu e-mail é :
    lucianosena30@hotmail.com

    Olha, eu não disse que sou pós. Só ventilei o assunto. Eu no momento fico com Julio Andrade - nem A nem Pós nem Pré, mas sim Milenista. Sei que eu não disse nada concreto, mas acho que existem uns problemas sérios com essas posições:
    1) O Amilenismo é bom em atacar o pré, com todo respeito pelos irmãos pré milenistas historicos, é insuperavel a dificuldade que essa posição tem em sustentar a presença de pecado na terra durante o milênio.
    Além disso o Dia do Juizo. Jesus em Mt e em Lc garantiu que Impios e Justos se levantaram juntos ( Mt 12 e Lc 11 ). Mas Amilenismo, assim como o Pós, retorcem muito com a exegese de Ap 20.
    2) O pré tem como base uma boa interpretação de Ap 20 e apoio dos pais da igreja. Seus problema além do citado acima é fazer de Ap 20 o cânon
    hermeneutico para o resto da bíblia.
    3) o Pós tem uma divida com os reformadores, que eram em sua maioria. Ainda que todo Pós e A são muito identicos, o pós tem uma escatologia de vitoria, ainda que não seja numerica, como diz o pós milenista Vicent Cheung, mas de impacto filosofico;moral;cultural. Isso só tempo pode mostrar.
    4) Hoekema mostra com maestria que o Novo Céu e Nova Terra tem que ser associado com Ap 21 e não como querem os pós e pré, com o milenio. Nesse ponto acho que Hoekema destruiu ambos.
    um abraço
    P.S; obrigado pelo elogio, mas acho que, assim como em Rm 7, vc está errado !

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  17. Luciano...

    Eu estou errado exatamente em que? No elogio? No meu aceite amilenista? Ou em alguma consideração?

    Quanto ao elogio: você é realmente bom, mais uma prova é seu último comentário. Você tem uma ótima visão geral das coisas. Se você conseguir se expor melhor, como você fez nesse último comentário. Ninguém te segura!

    Sobre o modo de escrever: A questão é exatamente essa que você admitiu. Você não revisa o que escreve aqui. Como você escreve correndo as coisas saem meio truncadas, é só isso, nada mais não se preocupe.

    Quanto aos sistemas: na verdade nenhum deles é isento de erros mas o amilenismo trabalha melhor essa carência e incoerências. Assim, sou amilenista por que nesse sistema a consigo ver mais lógica escriturística (teologia do pacto).

    Esli Soares

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  18. Esli, seu erro foi no elogio. Vou tentar corrigir.
    Ainda com respeito ao Amilenismo acho muito interessante o PP = paralelismo progressivo defendido por Hendriksen.Isso só não pode ser usado como norte para interpretar apocalipse forçosamente. Considero o PP como um tipo de dispensacionalismo-apocaliptico-reformado ( nossa ! ) Isso mesmo. Não encontramos esse processo na história da igreja a não ser nesses dois últmos séculos. Igual a Darby, esse dispensacionalismo traz uma divisão em sete. ( curioso, coninscidencia para minha invensão rsrs).
    Esli, acho tb que a teologia do pacto pode ser uma conclusão determinante para a escatologia. Mas até onde? Já andei estudando um pouco essas questões e penso que se os reformadores eram mais pós (e muitos *preteristas) por que a teologia do pacto não levou a maioria deles para conclusões Amilenistas?
    Escatologia é um caminho espinhoso pra mim.

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  19. Amados, me chamo Mauricio, mas podem me chamar de Mac... é como todos me conhecem :)

    Diariamente observo os comentários do cinco solas e este post me chamou a atenção porque escatologia é algo que aprecio muito.
    Se o Clovis permitir, deixo aqui o link do meu blog, que trata a respeito de escatologia amilenista ok? Ah, e eu congrego numa igreja pentecostal, ou seja, pré-milenista, hehe... complicado isso?!

    www.a-milenismo.blogspot.com

    Ps: Clóvis, só pra você se situar, eu congrego na igreja do Cleber, do confraria-pentecostal.blogspot... ou seja, ele é meu pastor. É pré-milenista, mas é uma benção, rsrs.

    Povo, assim que eu puder vou tecer aqui algumas considerações sobre esse tema, só não farei agora porque aqui no meu trabalho está corrido. Como dizem por aí, "tá de arrancar o sabiá do toco".

    Abraços!

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  20. Mac,

    Já tive oportunidade de visitar seu blog e me causou surpresa um pentecostal a-milenista.

    Diga ao Pr. Cleber que ele é uma bênção, e que ser pré-milenista não é defeito, ser anti-calvinista é, rsrs.

    Quando tiver algo sobre o tema e quiser postar aqui, manda ver.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  21. Esli e Luciano,

    Como pré-milenista convicto mas despreparado para um defesa do sistema, fiquei admirado com a conversa de vocês. Gostaria muito de ver algo mais elaborado sobre a posição que defendem (amilenismo e milenismo).

    Que tal escreverem um artigo ou estudo para nosso proveito? Se tiver um pré-milenista em condições de defender a nossa causa, seria ótimo.

    Em Cristo,

    Clóvis

    PS.: Só não me façam mudar de posição, o vale da confusão é complicado.

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  22. Clóvis, Esli, Luciano e demais irmãos.

    Creio que se identificarmos qual é a posição bíblica a respeito do reino (em que ele consiste) podemos ser norteados por caminhos menos espinhosos, e assim, ver qual das posições (A, Pós e Pré) é mais coerente com o ensino das Escrituras.

    Só para dar um exemplo, podemos tomar os judeus do primeiro século que rejeitaram Jesus e o seu reino por pensarem diferente do que as Escrituras diziam sobre estes dois. Eles (os judeus) esperavam um Messias que viesse libertá-los da opressão (político e social) por parte de Roma, tornando assim o "reino" de Israel soberano novamente.

    Então, pegando esse gancho, temos o tipo de interpretação que os judeus utilizaram. O Senhor Jesus foi enfático ao dizer que o seu reino não era desse mundo (Jo 18:36), ou seja, Ele tinha em mente o reino dos céus (ou de Deus), e não uma teocracia nos moldes do A.T.

    É aquela velha questão da intepretação literal vs. figurada. Na forma como eu vejo, por exemplo, se o pré-milenismo estiver certo em sua teoria do milênio, então é um outro reino do qual Jesus não falou e que somente Ap 20 trás a tona.

    O que acham?

    Em Cristo,

    Mac.

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  23. Clóvis...

    Eu gostaria muito de escrever algo significativo sobre o amilenismo, que ao contrário da maioria foi o que me levou para o Calvinismo (escatologia para Cosmovisão ao invés de cosmovisão para escatologia) mas o Hoekema já fez tudo...

    Mande-me seu e-mail e vou propor uma especie de debate sobre a escatologia.
    Você verifica a condição e os termos e se for o caso eu me responsabilizo pelos amilenistas.

    Esli Soares

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  24. Pô, não recebi os comentários. Pelo jeito o tonto aqui não se inscreveu nos comentáris do post! E laiá!
    Meus caros, este debate aí me interessa muito. Mas sou perfeitamente inapto para dizer qualquer coisa (pelo menos no início). Assim, estou dentro dos debates, seja onde for, primeiro como ouvinte e pitacando quando der!
    Esli, muito grato pela nova dica. Só não sei quando consigo ler (tenho um monte na fila! rs). Mas lerei!
    Luciano, digo o mesmo que o Esli: cuide da redação e seus comentários serão ótimos!
    No Senhor,
    Roberto

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  25. Se a idéia do Esli vingar, me avisem por favor. Vou querer acompanhar. :o)

    Em Cristo,

    Mac.

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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