Revelações do amor divino

Ele me mostrou um grande prazer espiritual sentido na alma, e nele eu estava repleta de eterna certeza, firmemente sustentada, sem nenhum terror doloroso. Esse sentimento era tão positivo e espiritual que eu estava inteiramente em paz, em calma e em repouso, de modo que nada na terra poderia me perturbar.

Isso durou pouco tempo. Depois fui transformada e abandonada à depressão, cansada da vida e aborrecida comigo mesma, de forma que só foi só a duras penas que preservei a paciência para continuar vivendo. Eu não tinha nenhum conforto, nenhuma calma exceto a fé, a esperança e a caridade, e essas eu tinha de fato, embora muito pouco as sentisse.

Imediatamente depois disso, o Senhor deu-me de novo conforto e repouso da alma, com prazer e certeza. Sentia-me tão abençoada e poderosa que nenhum terror, nenhuma mágoa, dor física ou espiritual que eu pudesse suportar poderia me abater.

E depois a dor voltou aos meus sentimentos, novamente seguida de alegria e prazer — primeiro uma coisa, depois a outra, em vinte ocasiões diferentes, calculo eu. Nas ocasiões de alegria eu poderia ter dito como São Paulo: “Nada me separará do amor de Cristo”. E na dor poderia ter dito: “Senhor, salva-me. Estou perecendo!”.

Essa visão foi-me concedida a fim de ensinar-me que para algumas almas é proveitoso provar essas alterações de estado de espírito — às vezes para receber conforto ou para minguarmos, ficando à mercê de nós mesmos. Deus quer que saibamos que ele sempre nos guarda igualmente a salvo, quer no mal-estar quer no bem-estar.

Juliana de Norwich
In: A biblioteca de C. S. Lewis

19 comentários:

  1. Irmão Clóvis, por falar em C.S. Lews, ele era contra augumas doutrinas cavinistas...!? Sei que G. Chesterton era, mas Lews não sei se de fato ele se manifestou contra a teologia calvinista.
    ass: Luciano

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  2. Essa certeza da salvação me consola...

    "Ainda que Ele me mate, nEle confiarei"

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  3. Luciano,

    C. S. Lewis era de fato arminiano. Mas não cheguei a ler nenhuma crítica direta dele ao calvinismo. De qualquer forma, Lewis foi brilhante e seria uma perda enorme não ler sua obra.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  4. Esli,

    Deus continua conosco, mesmo quando nos sentimos sozinhos e abandonados, Deus continua fiel mesmo quando pecamos. Pois Sua fidelidade é a Si mesmo, e não a nós.

    Por outro lado, como nós alternamos entre santidade e pecado, alegria e tristeza, disposição e desânimo. Como um crente que baseia sua segurança em sua constância pode ser feliz?

    Em Cristo,

    Clóvis

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  5. Pois é...,

    Se nossa salvação só depende de Deus, então podemos ter certeza da salvação.

    Eu acho que Lewis era pouco teológico sistemático, por isso ele transitava bem entre calvinismo e arminianismo. Existem declarações fortes sobre sua certeza na eleição. Nas Crônicas de Narnia, Aslan é soberano e tem tudo sobre controle, até o mal, o erro de Edmundo traindo o seus irmãos, serve para os propósitos de Aslan. Segundo a "Magia Profunda de Antes da Aurora do Tempo" que põe fim a mesa de Pedra, quando da ressurreição de Aslan, é bastante emblemático.

    Já no livro, O Problema do Sofrimento, ele inicia sua considerações com uma forte defesa do livre-arbítrio. Mas eu sempre consigo “vencer” essas a afirmações como sendo referentes a livre-agência, até porque ele fala algo sobre a responsabilidade moral dessas decisões, o que combina mais com a livre-agência do que com livre-arbítrio.

    Não obstante, se é para definir, ele era arminiano. Vai entender?! Mas isso prova que os reformados são abertos para a verdade dita por qualquer um, inclusive por um arminiano que se utilizava de fábulas com figuras de bruxas e demônios.

    "sou fã dele de carteirinha".

    A propósito...

    A túlipa é a flor calvinista. Sabe qual é a flor dos arminianos?...
    A margarida, aquela da brincadeira bem-me-quer, mal-me-quer (KKKK)

    Sem mais... Graça e Paz.

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  6. pois é irmãos, qunto a Lews mw preocupa não muito sua postura teologica quanto ao calvinismo/arminianismo ( até mesmo grande servos de Deus como Weley e outros errarem nisso...e como a salvação é pela graça confiamos na tranformação desses queridos irmõs para a gloria celestial...) Mas o que o dispensacionalista e meio arminiano, Norman Geisler disse sobre Lews me preocupou um pouco. Segundo ele, Lews nõ acreditava na inspiração de Jó e de algumas historias da búblia, bem como classificava alguns salmos como diabolicos...alguém gostaria de opinar??
    Ass Luciano

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  7. Eu temo uma coisa:

    Há MUITOS fãs do C.S. Lewis que, INFELIZMENTE, são preguiçosos quanto à leitura da Bíblia. Assim, várias idéias dele são tidas como verdade, pois ele era realmente MUITO brilhante (humanamente). Assim, pensam, "ele só pode estar certo".

    Esse é meu temor. Espalha-se heresias somente por admiração...
    Ouve-se mais aos homens do que ao Deus Revelado...

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  8. Neto...

    você falou tudo, a Bíblia é a autoridade. Lewis era "apenas" um excelente escritor de diversos gêneros. Entre um e outro eu "acho" que é melhor ficar com a Bíblia (autor dela é melhor). Outro que eu sou fã e do J.R.R.Tolken, autor, dentre outros, de O Senhor dos Anéis.


    No momento estou lendo Julio Verne... Muito bom e nessas férias eu li alguns policias, eu sou aficionado pelo gênero.

    De crente, terminei o Pregações e Pregadores do L-Jones, 3 livros da monergismo, dentre outros.

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  9. acho que era calvinista,rsrs
    http://www.youtube.com/watch?v=fOe4-IpwJX4&feature=related

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    1. Eu diria que ele foi um cara estranho. Maior parte de suas argumentações em Cristianismo Puro e Simples são fortemente tomistas - e por isso ele soa tão arminiano (apesar de ele mesmo não se declarar assim - afinal nunca o perguntaram :-)).

      Além disso, era inclusivista e algumas de suas obras apontavam para um universalismo - ou pelo menos para uma esperança post-mortem.

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  10. O réu era calvinista! Escritor de fábulas; mas sua teologia, encontra-se na confissão que subscrevia e não nas sua fábulas. Falava as suas 'heresias'como é próprio do homem, mas condenado pelo pecado de arminismo é horrível!

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    1. Quem, Lewis? Ele chegou a criticar de maneira fulminante a incapacidade total como definida pelo calvinismo.

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    2. Parece que todo mundo briga para ter o Lewis para si. Mas o Pelágio ninguém quer, né?

      Pessoalmente, sempre achei que o cronista de Nárnia fosse arminiano, mas agora vou ter que verificar melhor. Não que faça alguma diferença na minha apreciação dele.

      Em Cristo,

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    3. No site Arminianismo.Com um certo Capitão Squash faz uma boa exposição sobre o pensamento e C. S. Lewis e essa questão dele ser arminiano ou calvinista, até mesmo herege.

      Vale uma leitura: http://www.arminianismo.com/index.php/forum?catid=2&id=1111&view=topic

      Em Cristo,

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    4. "Concerning the doctrine of "total depravity," Lewis wrote: "I disbelieve that doctrine." Yet he may have misunderstood the nature of the doctrine due to its nomenclature, for in the same section he wrote that "we all sin" and are "in some respects a horror to God" and "vile." Indeed, in his radio broadcasts he told thousands of listeners: "The first step [for us] is to create, or recover, a sense of guilt."

      http://www.faithalone.org/journal/2000i/townsend2000e.htm

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  11. Lewis pointed out some definite examples of human wickedness in his era and culture; however, he rejected the idea of Total Depravity. He stated:

    This chapter will have been misunderstood if anyone describes it as a reinstatement of the doctrine of Total Depravity. I disbelieve the doctrine, partly on the logical grounds that if our depravity were total we should not know ourselves to be depraved, and partly because experience shows us much goodness in human nature. Lewis (1940)(1996: 61).

    I can see the logic of Lewis’ point of view; however, I don’t agree with his conclusions. I will first give the comments of C.C. Ryrie and then explain my perspective.

    The concept of total depravity does not mean

    (1) that depraved people cannot or do not perform actions that are good in either man’s or God’s sight. But no such action can gain favor with God for salvation. Neither does it mean

    (2) that fallen man has no conscience which judges between good and evil for him. But that conscience has been effected by the fall so that it cannot be a safe and reliable guide. Neither does it mean

    (3) that people indulge in every form of sin or in any sin to the greatest extent possible.

    Positively total depravity means that the corruption has extended to all aspects of man’s nature, to his being: and total depravity means that because of that corruption there is nothing man can do to merit saving favour with God. Ryrie (1996: 312).

    I would think Lewis did not significantly understand the doctrine.



    Dr. Russell norman Murray

    http://thekingpin68.blogspot.com.br/2008/02/cs-lewis-and-total-depravity.html

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  12. I would think Lewis did not significantly understand the doctrine. Ryrie’s first point answers Lewis’ objection. The doctrine is not about humanity being so evil that no good is possible. The point is that these good works can in no way earn salvation. As well, with Ryrie’s second point, humanity could acknowledge the existence of sin and evil in them because they still had a conscience, although it was scarred. Also, the depravity is not total in the sense of every aspect of evil in people being maximized, it means instead that humanity is corrupt to the point where salvation cannot be merited.

    I think Ryrie explains the concept well, and understands it, unlike Lewis.



    Dr. Russell norman Murray

    http://thekingpin68.blogspot.com.br/2008/02/cs-lewis-and-total-depravity.html

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  13. Alguém sabe onde encontro a oração completa de tudo dará certo?

    Desde já muito obrigada

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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