Dualismo cristão

Quando as pessoas, mesmo as cristãs, atribuem o bem a Deus e o mal a Satanás, elas estão afirmando a heresia do dualismo. Este ensina Deus e o diabo são poderes independentes, como se fossem dois titãs lutando igualmente pelo domínio do universo. Muitos cristãos, por causa dessa cosmovisão dualista, pensam que Satanás hoje está no controle porque o mal anda prevalecendo.

Algumas pessoas crêem nesse tipo de dualismo porque tentam proteger de Deus e tornar a crença deles mais fácil de ser absorvida. Tentam evitar que Deus, de alguma forma, esteja ligado à presença do mal no mundo. Fazendo isso, isto é, atribuindo toda a responsabilidade final do mal a Satanás, tornam a crença do aparecimento do mal uma doutrina mais digerível. Obviamente, é muito mais fácil pensar em Deus como o “sumo bem” e de Satanás como o “sumo mal”. Ainda que essas pessoas consideram o primeiro mais forte e mais poderoso que o segundo, não é assim que a Escritura apresenta o quadro do governo do mundo.

Heber Carlos de Campos
In: A providência e sua realização histórica

9 comentários:

  1. Nessa cosmovisão dualista, este versículo é uma "heresia inspirada": "Então, vieram a ele todos os seus irmãos, e todas as suas irmãs, e todos quantos dantes o conheceram... e o consolaram de todo o mal que o SENHOR lhe havia enviado" Jó 42.11

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  2. Seria o proprio Deus o autor do mal. Quem é de fato Satanás e qual o seu papel nesse mundo de seu Deus. Seria na verdade Deus: um Deus da IRA para os pobres mortais e um Deus misericordioso e amoroso para os calvinistas, (discipulos de calvino)? Pois pelo que estou entendendo a unica preocupação de Deus é com o bem estar e tranquilidade dos crentes na doutrina sintetizada por calvino.

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  3. Sinceramente... Clóvis... Acho que vou tomar como lei pra mim o conselho do Helder (se não me engano).

    Só responderei quem tiver a hombridade de NÃO se esconder atrás do "anônimo"...

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  4. Clóvis, paz!

    Gostaria de ler o texto na íntegra... onde posso encontrá-lo? Ou ele é só isso mesmo?

    Abraços!!

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  5. Até o Diabo é servo de Deus!

    Satanás não pode fazer nada se Deus não permitir. Lembram do dilema de Jó? Satanás queria "testar" Jó trazendo-lhes enfermidades e destruição. A quem Satã pediu permissão? Isso mostra a Soberania divina até nas ações do Diabo!

    "O Diabo é o Diabo de Deus"

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  6. Pr. Zwinglio,

    Paz em Cristo!

    O livro do Pr. Carlos de Campos "A providência e sua realização histórica" é publicado pela editora Cultura Cristã.

    Como posso lhe enviar uma cópia do capítulo do qual a declaração foi extraída? Se puder me envie um email para clovis5solas @gmail.com (elimine o espaço antes do @).

    Em Cristo,

    Clóvis

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  7. Heitor,

    Essa frase, que vejo ser atribuída a Lutero, pode chocar muita gente. Um diabo a serviço de Deus é algo que os crentes em geral não gostam de admitir.

    Mas o Pr. Heber, no livro do qual extraí a citação, explica que todo mundo trabalha para Deus, o Diabo inclusive.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  8. O juízo moral é a faculdade da alma que permite diferenciar entre certo e errado, bom e mau, justo e injusto, bem e mal, perfeito e imperfeito, etc.
    A Bíblia nos mostra que tal faculdade faz parte da pessoa do próprio Criador, pois, como lemos em Gênesis, à medida que Deus criava todas as coisas, o Senhor mesmo estabelecia um juízo de valores, ao dizer que tudo era MUITO BOM (Gn 1:31).
    Logo, se tudo era MUITO BOM, existia a possibilidade de que fossem realizadas obras que NÃO ERAM BOAS, ou seja, obras MÁS; aliás, numa análise mais profunda, aquele que ama o bem e o que é justo, necessariamente odeia aquilo que é mal e injusto.
    Como as obras de alguém testificam do seu caráter, as obras de Deus, na criação, testificaram sobre o caráter do Criador, o qual é revelado, na Bíblia, como sendo BOM (Lc 18:19); PERFEITO (Mt 5:48); SANTO (1 Pe 1:16); JUSTO (Salmo 116:5), RETO (Salmo 25:8); LUZ (1 Jo 1:5), não havendo, n'Ele, trevas algumas, nem mesmo em Seus pensamentos (quanto mais em seus desejos e decretos?!); e que a ninguém TENTA e não pode ser tentado pelo MAL.
    No entanto, ainda que, de um ser como esse, só pudesse emanar a perfeição que vemos na criação, tal perfeição não anulou a possibilidade do oposto, bastante clara quando Deus dá a ordem ao primeiro casal para não comer da árvore da ciência do bem e do mal, pois isso os levaria à morte (o afastamento do Criador).
    De sorte que, embora o MAL não fizesse parte do caráter de Deus, existia a possibilidade de que ele se manifestasse, sendo, de antemão, conhecido de Deus, bem como as suas consequências (Gn 3:22), as quais foram transmitidas originariamente a Adão.
    Outrossim, se Deus se revela eternamento BOM, isso nos mostra que o juízo de valores também é eterno, ou seja, que a possibilidade do MAU sempre existiu e sempre irá existir, não como algo independente, mas como fruto do afastamento de Deus, ou da oposição a Ele.
    Dessa forma, chegamos ao ponto básico da origem do MAU no universo, pois, se ele existe e não veio da pessoa do Criador, logo ele veio de alguém. Sobre isso, a Bíblia nos revela, em Ezequiel 28:15, que a origem do MAU no universo se deu através de um anjo, embora exista a possibilidade de tal texto estar se referindo a Adão e ao próprio rei de Tiro: "Estavas no Éden, jardim de Deus...tu eras querubim...perfeito eras em teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que SE ACHOU INIQUIDADE em ti" (Ez 29:13-15).
    Pelas características apresentadas no texto bíblico, parece mais provável que tal texto se refira, de fato, ao diabo, pois, como nos mostra o livro de Gênesis, o pecado, no Éden, teve origem com a serpente, a qual inventou, do seu próprio coração, a mentira (Gn 3:4 e Jo 8:44).

    (continua...)

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  9. (continuação...)


    Mas, como poderia existir algo que Deus não tenha criado se Ele é o Criador de todas as coisas?
    Ele é o Criador de todas as coisas, menos do MAU moral, ou seja, do MAU como essência, e não do MAL como resultado da justiça divina, como castigo pela desobediência (Is 45:7).
    Disso podemos entender, então, que a criação de seres com juízo moral leva à possibilidade de que se manifeste o MAU, o que torna a existência, como imagem e semelhança de Deus, um privilégio inexcrutável, mas uma responsabilidade de consequências eternas, podendo trazer morte eterna.
    O que nos deixa felizes é a promessa final feita por Deus para aqueles que escolherem a obediência á Sua palavra, pois nos assegurou que, ao final da história do universo criado, Ele imobilizará o MAU no lago de fogo e enxofre, para que não haja mais contaminação em toda a criação (Ap 21:27), possivelmente como uma referência ao agente contaminador presente no Éden (a árvore da ciência do bem e do mal), a qual continha, no ato de comer do seu fruto, a desgraça da humanidade.
    No entanto, ainda que o MAU esteja sob controle, na vida futura, como seres morais eternos, o conhecimento do mal jamais será esquecido.
    Agora, há, no relato bíblico, outra lição de fundamental importância para o destino dos seres criados, qual seja: o entendimento de que, embora o dualismo entre bem e mal seja transcendente, como cristãos, jamais devemos cogitar a possibilidade de que Deus tenha decretado a queda do homem, ainda mais para Sua glória.
    Isto porque, como vimos, Deus jamais poderia ter sido a fonte do MAU, o qual se manifestou em virtude da LIBERDADE DE ESCOLHA que possuem os seres criados.
    Nisso deve estar a nossa confiança, para que naquele grande Dia possamos entrar na Jerusalém celestial pelas portas, pois os que duvidaram do caráter de Deus certamente ficarão de fora, como o fez primeiramente o diabo.
    Deus vos abençoe!!!

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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