As origens do pentecostalismo

A história dos pentecostais, no sentido moderno da palavra, tem seu ponto de partida na escola bíblica de Parham, em Topeka, Kansas, em 1901. A despeito da controvérsia sobre as origens e a época exata em que Parham começou a dar ênfase ao dom de línguas, todos os historiadores concordam que o movimento começou no início de 1901, quando o mundo adentrava o século XX. Em consequência do Pentecoste que eclodia em Topeka, Parham formulou a doutrina de que as línguas eram a “evidência bíblica” do batismo no Espírito Santo.

Pelo fato de ensinar que as línguas eram uma concessão divina de idiomas humanos com vistas à evangelização mundial, Parham também defendia a ideia de que os missionários não precisavam estudar nenhum idioma estrangeiro, uma vez que estariam miraculosamente capacitados a pregar em línguas em qualquer lugar do mundo. Municiado com essa nova teologia, ele implantou um movimento eclesiástico intitulado Fé Apostólica e desencadeou um verdadeiro furacão avivalista em sua turnê pelo meio-oeste dos Estados Unidos com vistas a promover a nova experiência.

O pentecostalismo, no entanto, não chamou a atenção do mundo até 1906. Isso aconteceu com o avivamento da Rua Azusa, em Los Angeles, liderado pelo pastor William Joseph Seymour. Ele tomou conhecimento do batismo no Espírito Santo com línguas em 1905, numa das escolas bíblicas de Parham, em Houston, Texas.

Em 1906, Seymour foi convidado a pastorear uma igreja holiness negra em Los Angeles. As famosas reuniões da Rua Azusa começaram em abril de 1906, no antigo prédio da Igreja Episcopal Metodista Africana, situada na Rua Azusa, 312, no centro de Los Angeles.

Os acontecimentos relacionados ao avivamento da Rua Azusa fascinaram os historiadores durante décadas e até hoje não foram plenamente entendidos e explicados. A Missão da Fé Apostólica da Rua Azusa realizava três cultos por dia, sete dias por semana, durante três anos e meio. Milhares de pessoas receberam o batismo no Espírito Santo com a evidência inicial do falar em línguas.

O periódico Apostolic Faith [Fé Apostólica], que Seymour enviava gratuitamente a cerca de 50 mil leitores, divulgava a mensagem do avivamento. Da Rua Azusa, o pentecostalismo espalhou-se com rapidez pelo mundo e cresceu a ponto de se tornar a maior força da cristandade. William J. Seymour liderou o avivamento da Rua Azusa em 1906, o qual espalhou o pentecostalismo por todo o mundo. Os cultos da Rua Azusa notabilizaram-se também pela harmonia inter-racial.

O movimento da Rua Azusa parece ter sido uma fusão da religião branca holiness com os estilos de adoração da tradição cristã negra dos Estados Unidos, que se iniciou nos tempos da escravidão no Sul. O louvor e a adoração expressivos da Rua Azusa, caracterizados por danças e clamores, eram comuns tanto entre os brancos apalachianos quanto entre os sulistas negros.

A mistura de línguas e outros dons carismáticos, música de brancos e negros e variados estilos de adoração deu origem a uma forma local de pentecostalismo. Essa nova expressão de vida cristã provou-se extremamente atrativa para as pessoas discriminadas nos Estados Unidos e em outras nações.

A posição inter-racial da Rua Azusa era uma admirável exceção ao racismo e à segregação da época. O fenômeno que reunia brancos e negros para a adoração sob a liderança de um pastor negro parecia inacreditável para quem estava de fora.

O lugar de William Seymour como uma das mais importantes figuras religiosas do século XX parece estar assegurado. Sidney Ahlstrom, notável historiador da Universidade de Yale, em seu clássico A Religious History of the America People [Uma história religiosa dos povos da América], de 1972, põe Seymour no topo da lista dos líderes religiosos negros dos Estados Unidos, declarando que a piedade desse homem “exerceu a maior influência sobre a história religiosa dos Estados Unidos”. Seymour e Parham podem ser considerados cofundadores do pentecostalismo mundial.

Vinson Synan
In: O século do Espírito Santo, Editora Vida

5 comentários:

  1. Parece bom, valeu pela indicação. Pessoalmente, mesmo estando quase com os dois pés fora do pentecostalismo tradicional, jamais esquecerei da riqueza teológica que, apesar das criticas, o movimento consegui despertar em nosso tempo.

    Todavia, eu gostaria de ver em nosso País, obras que também relatassem o avivamente que se iniciou em Gales. Aliás, temos duas antigas Igrejas que se originaram em tal movimento: a Igreja Evangélica Pentecostal (que tem 60 anos de Brasil, e sua atuação é em Minas Gerais); e o Avivamento Bíblico.

    Paz e bem
    Marcelo Lemos
    "Olhar Reformado"

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  2. Clóvis,

    Tenho algumas divergências com o pentecostalismo, mas foi um assembleiano que me pregou a Palavra e reconheço o enorme avanço em se confrontar o cessacionismo. De fato, o pentecostalismo foi uma bênção de Deus para a humanidade.

    Mudando de assunto, acho que a nova barra está feia e não combina com o restante do blog, rs. Prefiro a antiga.

    Abs,

    Helder.

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  3. Helder,

    Estou fazendo alguns testes. Outros banner mais ou menos feios irmão aparecer, eventualmente.

    Clóvis

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  4. O Pentecostalismo não é doutrina de homens, veio das manifestações do Espírito Santo através do Senhor Deus para a avivar a sua Igreja, fortalecer os membros do corpo de Cristo e abrir os olhos de seus servos para o dicernimento espírutal.
    Louvo a Deus por ele está avivando as Igrejas ditas tradicionais ou históricas, como as Batistas, as Presbiterianas, as Metodistas e outras mais.
    ALELUIA!!! GLÓRIA A DEUS!!!

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    1. E devemos louvar a Deus também pelas igrejas tradicionais terem uma doutrina bíblica robusta, da qual estamos tirando proveito hoje.

      Deus seja louvado!

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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