Antes calvinista, agora arminiano


É um fato que o arminianismo não é a posição histórica da igreja. Os reformadores, começando por Lutero combatiam o livre-arbítrio defendendo a soberania de Deus sobre todas as coisas, inclusive e especialmente na salvação do homem. Calvino, sem seu consentimento, emprestou o nome ao movimento que foi característica das igrejas surgidas com a Reforma. Incomum, em todas as épocas da igreja, era advogar que a salvação depende, em última instância, de uma decisão favorável do homem espiritualmente capaz de escolher o bem.

Nos dias de hoje, entretanto, os crentes se espantam quando alguém diz que não crê que o homem tenha livre-arbítrio que o capacite a ir Cristo movido pela sua vontade. O espanto aumenta se disser que crê firmemente na doutrina da predestinação. E corre o risco de ser anatematizado se sequer insinuar que Jesus não morreu na cruz para salvar cada um e a todos os homens. Como saímos de um estado em que o calvinismo era a regra e chegamos num ponto em que até igrejas confessionalmente reformadas advogam a capacidade do homem em crer por si mesmo?

Marcelo Lemos, em seu Olhar Reformado, nos dá a resposta, numa síntese histórica que vale a pena ler.

22 comentários:

  1. "Calvinismo: Essa camiseta me escolheu."
    "Arminianismo: Eu escolhi essa camiseta."

    "Lindo" né? Comparar Deus com uma camiseta! Comparar o "escolher a Deus" com "escolher a roupa que vou usar".
    Se esse é o "deus" dos arminianos, fica claro que o homem pode escolhe-lo...
    Mas não é o Deus da Bíblia...

    Clóvis, tenho uma questão MUITO importante e séria:
    Será que todo aquele que, CONCIENTEMENTE, NÃO crê na Chamada Eficaz, nunca foi chamado eficazmente?

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  2. Sinceramente assustei quando recebi o e-mail de atualização. Pensei que tinha perdido meu velho professor. rsrsrs
    Abraços e saudades de nossas conversas Clóvis,
    Vini

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  3. Puxa vida! Eu tomei um susto semelhante! he, he, he...

    Mas, tentando responder ao irmão Neto; ainda que não tenha perguntado a mim, eu diria o seguinte:

    Toda pessoa que acredita numa salvação por obras, não pode ser salva, pois isso é anular o Sacrifício Vicário de Cristo. Neste sentido, eu penso que Finney, por exemplo, se realmente acreditava nas bobagens que escreveu em sua Teologia Sistemática, não foi um homem salvo.

    Porém, muitos arminianos rejeitam o que chamamos de TULIP apenas por timidez, preconceito, etc... Mas, no fundo, não confiam em salvação "por obras". Neste caso, eles possuem um teologia inconsistente, porém, uma fé genuína nos méritos de Cristo.

    Desse modo, considero perigoso qualquer generalização sobre o assunto.

    Paz e bem!

    Marcelo Lemos
    Editor "Olhar Reformado"

    Clóvis; obrigado pela citação. Que Deus o abençoe!

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  4. Olá Clóvis,

    Concordo plenamente que a reforma se pautou pela soberania absoluta de Deus no plano salvífico, sendo o livre arbítrio um desvio, não somente da ideia inicial, como dos fundamentos bíblicos, especialmente firmados nas Cartas Paulinas, mais precisamente em Romanos e Efésios. No entanto, afirmar que o arminiano não é salvo é uma verdadeira temeridade, uma vez que a salvação é pela fé mediante a graça. E mesmo o arminiano mais convicto pode ter fé genuína em Cristo e, consequentemente, ser salvo. Os estremos são sempre muito perigosos.

    Em Cristo.

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  5. O que será que essa foto quer sugerir com uma "loira" calvinista e uma morena arminiana, hein? Hehehe! Nem vale a pena comentar!

    Como o Clóvis bem frisou, a igreja reformada nunca reconheceu o arminianismo como sã doutrina. E, como certeza, Finney foi um dos grandes responsáveis por esse processo de descaracterização da fé legada pelos reformadores.

    Quanto à salvação dos arminianos, creio sim que ela é possível, mas desde que ele não tenha "fé na fé", e sim, fé nos méritos de Cristo. E isso serve tanto para arminianos quanto para calvinistas.

    Abraços!

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  6. Irmão Leonardo, a loira, na "raíz", é morena rsrs

    No que diz respeito a salvação em si, irmãos, a doutrina calvinista e arminiana são niveladas a um mesmo nível, "digamos assim". Salvação = arrependimento de pecados + fé em Jesus. Só é possível a conversão assim! Os irmãos Wesley eram arminianos, Whitefield era calvinista. Alguém duvida que os 3 eram cristãos, que deram bastante evidência? A nossa salvação, portanto, não depende do sistema teológico que defendemos, apesar do sistema determinar nossos pensamentos e práticas cristãs (por exemplo: percepções diferentes sobre santificação). Se parto da idéia de doutrina, logo, parto de uma consequência e não de uma causa para a salvação.

    Há algum tempo atrás eu era cético quanto a salvação dos evolucionistas teístas. Achava isso uma aberração por causa das grandes falhas do naturalismo filosófico e das alegações metafísicas desse sistema. No entanto, tanto evol. teístas quanto criacionista são salvos SE se arrependeram e creram no Senhor Jesus.

    Precisamos, tb, encarar estas perguntas: porque o Espírito Santo não nos leva todos para um mesmo entendimento da fé cristã, das doutrinas? Calvinistas e arminianos serão cobrados por Deus sobre a forma como entendenderam a Palavra e a ensinaram? Mas não é o Espírito quem nos dá o entendimento? Mesmo assim seremos responsabilizados?

    Abç a todos.

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  7. Neto,

    Eu creio que não devemos negar a destra aos que Cristo não nega o céu. Para ser salvo, basta crer e confessar a Cristo como único salvador.

    Outro ponto é que há diferença entre crer numa doutrina e saber formulá-la. Muitos arminianos o são por osmose.

    Além disso, considere o que Spurgeon falou: na oração, todos os santos são calvinistas. O arminiano afirma que o livre-arbítrio é determinante, contudo ora a Deus para que salve o pecador mais resistente, sem considerar que isso é violação do livre-arbítrio. Diz que aceitou a Jesus, mas dá graças a Deus por te-lo arrancado do lamaçal de pecado e firmado seus pés na Rocha. Enfim, um arminiano salvo quando escolhe as palavras, fala arminianês fluente, mas quando ora ou fala da própria salvação, o sotaque revela o dialeto calvinês.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  8. Vini,

    Se o título serviu para trazê-lo aqui, já valeu a pena.

    Também estou com saudades. Uma hora dessas vou falar contigo, para pedir um favor.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  9. Marcelo,

    Uma das bênçãos do arminianismo é a incoerência. Se os arminianos levassem suas idéias às últimas implicações lógicas pulariam o corguinho da ortodoxia. Mas graças a Deus, eles não percebem ou não se importam com as inconsistências lógicas do seu sistema.

    Clark Ponnock parou para pensar nelas e deu no que deu.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  10. Ricardo,

    Eu afirmo que arminianos são irmãos em Cristo, salvos pelo Senhor. Mas são salvos apesar de arminianos e não por serem arminianos. Isto por causa da bendita incoerência deles.

    Vou mais além, não considero arminianos apenas salvos, como se fossem crentes de segunda categoria. São irmãos tão ou mais crentes que muitos calvinistas. No trem que vai para o céu, estão na mesma classe dos calvinistas, porém ao invés de apreciarem a paisagem, ficam de olho no bilheteiro, morrendo de medo de que ele venha cobrar pela viagem.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  11. Leonardo,

    O Cinco Solas é um espaço democrático: loiras e morenas são bem vindas! Talvez o simbolismo seja que assim como a maioria das loiras nascem morenas, muitos calvinistas nascem arminianos, rsrs

    Finney e sua teologia é um javali na vinha do Senhor. De minha parte, ficaria feliz se os arminianos de hoje fossem mais wesley-arminianos e menos finneyanos.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  12. Danilo,

    Eu creio que as posições arminianas e calvinistas impactam a vida cristã e a prática religiosa. Sinceramente creio que calvinistas se deleitam mais no Senhor, tanto nas adversidades quanto nos bons momentos da vida.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  13. Clóvis,

    Uma ressalva: também os calvinistas não são salvos "por serem calvinistas"(rindo), mas por terem fé. E têm fé porque foram justificados por Cristo e alcançados pela graça de Deus. E, antes ainda, porque foram eleitos por Ele. Uma coisa é certa, há arminianos salvos e outros perdidos; e há calvinistas salvos e outros também condenados. Conclusão: não é a teologia que salva (mas ajuda né?) (rindo mais).

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  14. Clóvis, tem razão.
    O ponto que eu quis ressaltar não é "quem é salvo, quem não é", apesar desse tema, da chamada eficaz, remeter a isso.
    Mas eu tenho pensado bastante, e refletido, e cheguei à conclusão que UMA das razões da chamada eficaz ser tão mal compreendida ou negada, seria realmente porque essas mesmas pessoas nunca a sentiram.
    Porque, se a tivessem sentido, jamais a negariam, como fazem.

    Abraço.

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  15. Caro Ricardo Mamedes,

    Não deveria rir de um assunto sério desses.

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  16. Neto,

    Tenha paciência! Eu não estou rindo "do assunto". Aliás, eu o tratei com a devida seriedade. Jamais escarneci da Palavra de Deus. Ser crente, meu caro, não significa, entretanto, ser carrancudo, mal humorado, amargo e amargurado! Logo, prescindo da sua admoestação, com todo o respeito. No entanto, se você se sentiu ofendido com o que eu aduzi - embora não compreendendo o porquê - peço-lhe desculpas.

    Em Cristo.

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  17. Ricardo,

    Realmente pensei que estava rindo de coisas absurdamente sérias, como a condenação de alguém.

    Mas agora percebi que você riu porque ALGUNS dizem que "os calvinistas pensam que são salvos por serem calvinistas".

    Perdão [2]

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  18. Nunca conheci um calvinista que não fosse eleito.

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  19. Fazendo esse comentário, só pode ser alguém anti-calvinismo...
    Rafeidous, é RIDICULO alguém deduzir (mesmo os calvinistas) que somente por ser calvinista já é um eleito.
    Eu lhe digo com toda certeza de que ENTRE os calvinistas há eleitos. Como também ENTRE os arminianos, ENTRE os "meio-termo", ENTRE todas as "divisões".

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  20. Rafeidous,

    Acredito que você quis dizer que nunca conheceu um calvinista que não se considere eleito. Pois duvido que você quis afirmar a eleição dos calvinistas.

    De qualquer modo, a eleição de um terceiro só pode ser presumida. Claro que esta presunção, em alguns casos, está presunção tende à certeza, pelo testemunho que a pessoa dá, não de seu calvinismo, mas de sua nova vida em Cristo. E neste caso, se a pessoa se considera calvinista ou não é absolutamente sem importância. Pois há eleitos que negam que o são!

    Por outro lado, a Bíblia nos orienta a confirmarmos nossa vocação e eleição. Isto significa que o testemunho do Espírito Santo em nossos corações pode nos levar a certeza de sermos salvos, portanto, de que fomos escolhidos. Mas, há a possibilidade da pessoa enganar ou ser enganado por seu coração, que sabemos é mais falso que uma nota de quinze reais.

    Enfim, não importa o sentido que suas palavras tem, ela não representa a realidade bíblica dos fatos. E concordo com o Neto de que tem conotação anti-calvinista.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  21. No ponto da predestinação, Lutero por exemplo foi muito influenciado por Agostinho q viveu nos séculos 4 e 5, ele foi um dos primeiros, se ñ o primeiro, a defender a ideia da eleição incondicional, mas antes dele, desde o inicio do segundo século os cristãos já criam no livre arbítrio, e isso é provado por várias declarações, dentre as quais eu separei essas:

    -Justino Mártir (160 d.C): A fim de que alguns não presumam, a partir do que temos dito, que tudo acontece por uma necessidade fatal, pois é anunciado como conhecido de antemão, isso nós também explicamos. Nós aprendemos dos profetas e sustentamos ser a verdade, que as punições, castigos e boas recompensas são concedidas de acordo com o mérito das ações de cada homem. Agora, se isso não é desta foma, mas todas as coisas acontecem por destino, então, nada está em nosso próprio poder. Porque, se está predeterminado que este homem será bom e esse outro homem será mau, nem é o primeiro digno de mérito nem o último culpado. E novamente, a menos que a raça humana tenha o poder de evitar o mal e escolher o bem por livre escolha, eles não são responsáveis por suas ações (p. 285).

    -Melito (170 d.C): Portanto, não há nada que impeça você de mudar sua maneira corrupta de viver, porque você é um homem livre (p. 286).

    -Theófilo (180 d.C): Se, por outro lado, ele se voltaria para as coisas da morte, desobedecendo a Deus, ele próprio seria a causa da morte para si mesmo. Porque Deus fez o homem livre e com poder sobre si mesmo

    -Tertuliano (210 d.C): Como a fortuna, assim é a liberdade da vontade do homem

    -Orígenes (225 d.C): Um alma sempre tem a posse do Livre-Arbítrio

    Observe a ausência de Agostinianismo determinista e, deste modo, de Calvinismo em todas essas declarações. O que é seguro admitir é que os primeiros pais seriam terrivelmente inconsistentes em reivindicar o Agostinianismo determinista (e, portanto o Calvinismo) como sua teologia ao mesmo tempo em que faziam tais declarações (as quais todos os primeiros pais também apoiavam).


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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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