Estas palavras produziram o efeito desejado no ânimo do jovem teólogo e ele abandonou os seus projetos de ir para Strasburgo continuar os estudos, e fixou-se em Genebra. Foi nomeado professor de teologia e começou um árduo ministério de vinte e oito anos, como pastor de uma das mais importantes igrejas da cidade; e aqui estendeu logo a sua influência a todos os países da Europa. "A sua ligação com a antiga igreja", dizia Luiz Hausser, "era muito extraordinária. Ele fazia-lhe uma oposição mais forte do que ninguém. Bastantes coisas iradas e picantes se tinham, na verdade, já dito de Roma, mas nada tão esmaga-dor tinha sido avançado contra a igreja romana em todas as polêmicas que tinham tido lugar, como aquela afirmativa de Calvino feita sem cólera e a sangue frio, de que ela "era inteiramente oposta à idéia primitiva da constituição da igreja, e, portanto, foi ele considerado como o inimigo mais perigoso e implacável de Roma do que Lutero".
Mas o povo de Genebra não podia desde logo habituar-se às medidas de reforma que Calvino introduziu. Toda a cidade tinha caído no vício e no papismo, e os seus novecentos padres governaram a consciência do povo, que não gostava das restrições que Calvino punha aos seus cantos, às suas danças, e a outros divertimentos mundanos nem tampouco tolerava as suas censuras severas aos pecados menos públicos a que muitos não eram estranhos: e quando por fim os proibiu de virem ao altar, e os mandou embora com palavras de censura, o povo levantou-se em massa e expulsou-o da cidade.
Mas em breve quiseram que ele voltasse outra vez. A cidade estava em desordem, devido aos encolerizados bandos de papistas, e libertinos, e a sua presença era ali muito necessária. Os próprios que o tinham expulsado começaram a clamar em altos brados pela sua volta. "Chamemos de novo o homem que queria reformar a nossa fé, a nossa moral e as nossas liberdades", diziam eles. E assim no ano 1540, foi resolvido pelo Concilio dos Duzentos que, com o fim de promover a honra e glória de Deus, se procurassem todos os meios possíveis para que Mestre Calvino voltasse como pregador.
Calvino, de início, não tinha muita vontade de voltar, e declarou que não havia lugar na terra que ele mais temesse do que Genebra, acrescentando, porém, que não se negaria a coisa alguma que fosse o bem da igreja. Por causa dos seus amigos, resolveu voltar, sentindo que nesse passo era guiado pela vontade de Deus. A amável recepção que lhe fizeram atenuou de alguma maneira os maus tratos que lhe tinham dado, e daí por diante encontrou poucos obstáculos nos seus trabalhos para o bem do povo.
A história não levanta a cortina que esconde aos nossos olhos a vida privada e doméstica de Calvino, e por isso a sua vida não oferece tanto interesse como a de Lutero. Morreu em 17 de maio de 1564, completamente gasto por um excesso de fadiga mental.
Morreu repetindo as palavras do apóstolo: "As aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de..." aqui parou, porque nesse momento a glória despertou para ele.
KNIGHT, A. & ANGLIN, W. História do cristianismo. Rio de Janeiro: CPAD, 1993
Graça e Paz de Nosso Senhor Jesus
ResponderExcluirHá um tempo atras lia um livro que relatava a vida de Calvino, neste livro mostra o quanto tentaram difamar a imagem dele, e quantos inimigos ele adquiriu durante sua vida, mas na historia Calvino foi um marco, em um tempo que a igreja despertava de um longo periodo de trevas e escuridão...Os Cristãos de hoje deveriam conhecer a vida desse grande reformador.
Célio,
ResponderExcluirObrigado por sua visita e comentário.
Calvino, parafraseando Tiago, era sujeito a mesmas paixões que nós. Porém, o que ele fez e escreveu o coloca como um dos maiores vultos da história.
É lamentável que as pessoas estejam "vacinadas" contra Calvino, a ponto de reagirem negativamente à simples menção do nome dele.
Em Cristo,
Clóvis
Achei muito interessante esse terceiro paragrafo, pois hoje não temos 900 padres pra deter a mensagem do Evangelho, mas temos muitos "pastores/bispos/apóstolos" que tentam fazer o mesmo.
ResponderExcluirEdnaldo.
PS.: Vou esperar o teu artigo sobre cessacionismo, pois toda ajuda é preciosa.