A doutrina da eleição tem suscitado controvérsias que se estende por séculos, e as posições assumidas vão desde a sua negação até a afirmação de que Deus escolhe pessoas para o inferno. No entanto, poucas doutrinas são expostas de forma tão abrangente nas Escrituras como a da eleição. Neste texto, procuraremos esclarecer alguns pontos dessa doutrina, a partir da declaração acima.
O autor da eleição
Algumas pessoas, contrariando o peso esmagador da evidência bíblica, negam que Deus faça escolha de pessoas. Para eles, o homem é quem escolhe e essa escolha humana é determinante para o seu destino eterno. Porém, o texto diz “Deus vos escolheu”, não deixando dúvida alguma que o Eterno é quem elege. A eleição não é “segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça” (2Tm 1:9), por isso somos chamados de “eleitos de Deus” (Rm 8:33; Cl 3:12). Para que não reste dúvida alguma quanto a esse assunto, Jesus afirma “não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros” (Jo 15:16).
A ocasião da eleição
O texto em apreço diz que a eleição se deu “desde o princípio”. Parece não haver dúvidas que isto signifique na eternidade passada. Em Efésios é dito que Deus “nos escolheu nele antes da fundação do mundo” (Ef 1:4). Em outro lugar a Escritura destaca que a determinação de nos salvar foi tomada “antes dos tempos eternos” (2Tm 1:9). Se, como diz Pedro, fomos eleitos “segundo a presciência de Deus Pai” (1Pe 1:2), então a ocasião dessa escolha deve retroceder a um ponto da eternidade. De fato, a Bíblia declara que “aos que de antemão conheceu, também os predestinou” (Rm 8:29).
O objetivo da eleição
A eleição é “para a salvação”. Dois pontos importantes sobressaem dessa expressão. O primeiro é que eleição não é salvação, mas é para a salvação. Dessa forma, o eleito não nasce salvo e não estará salvo até o momento que creia. Até esse momento os eleitos andam “segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos” e são “por natureza, filhos da ira, como também os demais” (Ef 2:3). O outro ponto é que não fica nenhuma dúvida quanto ao objetivo da eleição: tornar certa a salvação do eleito. A eleição não é para um cargo, incumbência ou função no Corpo de Cristo, embora Ele também escolha pessoas para essas finalidades. Aqui, à pergunta “por que Deus elege?” a resposta bíblica é “para a salvação”. Vemos isto na prática em Atos 13:48, onde Lucas registra que “creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna”. Ser destinado para a vida eterna é o mesmo que ser eleito ou predestinado para a salvação. E foi isto que Deus fez “desde o princípio”.
Conclusão
Do que foi exposto podemos tirar algumas conclusões. Em primeiro lugar, a doutrina da eleição é bíblica e não um ensino inventado por Agostinho ou Calvino. Não é algo imposto ao texto sagrado, mas algo declarado de forma abundante e clara. Em segundo lugar, Deus é o autor e agente da eleição e isto está bem estabelecido na Palavra de Deus. A escolha do homem segue e depende da escolha divina. Terceiro, a eleição foi realizada na eternidade, portanto anterior a qualquer ato do homem que a pudesse determinar. E finalmente, a eleição é para a salvação, o que demonstra que é segundo a boa vontade de Deus para conosco e remove a possibilidade de ser apenas para alguma função ou posição no Corpo de Cristo. Diante destes fatos, ao invés de objetar à doutrina da eleição soberana e graciosa “devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação” (2Ts 2:13).
Soli Deo Gloria
Amado concordo que não haja explicitamente uma "escolha para a perdição" contudo, no fato da escolha há uma natural preterição visto que não são todos os escolhidos, pois se o fossem todos seriam salvos.
ResponderExcluirPaz e Saúde!!
Soli Deo Gloria
Lourival Nascimento
Pr. Lourival,
ResponderExcluirO amado está certíssimo. Porém a base para a eleição e para a preterição são diferentes. A cauda da primeira é encontrada em Deus, a da segunda, no homem.
Em Cristo,
Clóvis