Escravo, eu?!

"Então conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" Jo 8:32

Esta declaração de Jesus torna claras algumas verdades. A primeira é a de que o homem natural não é livre. De fato, logo adiante Ele diz "se o Filho vos libertar... sereis livres" (Jo 8:36). O segundo ponto evidente é que verdadeira liberdade procede da verdade. "A tua Palavra é a verdade" (Jo 17:17) disse Jesus ao Pai. Logo, é pela verdade bíblica e não por filosofias humanistas que o homem caído é liberto. Finalmente, há a necessidade de conhecimento dessa verdade para se respirar o ar da perfeita liberdade. Daí, que é necessário que se anuncie a todo homem escravizado a verdade da Palavra de Deus.

Porém, os judeus ficaram surpresos com a declaração de Jesus que eles poderiam tornar-se livres. "Jamais fomos escravos de ninguém" (Jo 8:33a), exclamaram indignados. Isto é comum com os nascidos escravos, pois nunca tendo experimentado a liberdade, pensam ser livres. Como animais nascidos no zoológico, jamais correram pelas savanas africanas, logo consideram-se livres por poderem se movimentar nos metros quadrados de sua jaula! Os judeus dos dias de Jesus estavam subjugados e eram governados pelos Romanos, e mesmo assim não entendiam "como é que dizes que seremos livres?" (Jo 8:33b).

Então Jesus lhes demonstrou que sua escravidão era pior que o domínio político e econômico de Roma. "Todo aquele que comete pecado, é escravo do pecado" (8:34). Pobres judeus, pensaríamos nós, se esta não fosse a condição de todo homem. Nós somos concebidos em pecado (Sl 51:5), portanto, nascemos escravos. Temos uma mente escravizada, uma vontade escravizada e nossa liberdade é ilusória, como a dos filhotes do zoológico. Porque pecamos livremente, pensamos que somos livres para fazer o bem da mesma forma que fazemos o mal.

Os judeus continuavam não entendendo como Jesus podia dizer que eles não eram livres. Eles continuavam achando que era um absurdo que Jesus chamasse filhos de Abraão de escravos. Mas a causa de sua confusão ia além de má compreensão. O espanto deles era porque, nas palavras de Jesus, "a minha palavra não penetra em vós" (Jo 8:37). Jesus lhes diz que não entendiam "porque não podeis ouvir a minha palavra" (Jo 8:43). Por outro lado "quem pertence a Deus ouve as palavras de Deus" (Jo 8:47) e se eles não ouviam era porque não pertenciam a Deus.

Esta passagem destrói várias suposições humanas. Reduz a pó a idéia docemente acalentada de que o homem é livre para fazer igualmente o bem ou o mal, pois afirma que ele é escravo. Elimina de vez o pensamento de que bastam palavras persuasivas para que os homem por sua livre e expontânea vontade para serem livres, pois os que não são de Deus não podem ouvir. Finalmente, contrariando o senso comum, afirma a eleição, referindo-se aos eleitos como "os que são de Deus".

O homem nasce escravo, e morrerá escravo, se o Filho não o libertar.

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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