Sempre cheios

John Stott
In: Batismo e plenitude do Espírito Santo


Voltamos agora ao mandamento do qual dependem os quatro particípios presentes que analisamos. Este mandamento é: "Enchei-vos do Espírito". Preste atenção a quatro aspectos deste verbo.

Em primeiro lugar, ele está no modo imperativo. "Enchei-vos" não é uma sugestão que pode ser tentada, uma recomendação branda, uma advertência educada. É uma ordem que Cristo nos dá, com toda a autoridade de um dos apóstolos que Ele escolheu. Não temos nem um pouco mais de liberdade para escapar desta obrigação do que temos das obrigações éticas que formam o contexto, isto é, falar a verdade, trabalhar honestamente, ser gentil e perdoar uns aos outros, ou viver em pureza e amor. A plenitude do Espírito Santo não é opcional, mas obrigatória para o cristão.

Em segundo lugar, ele está na forma plural. O mesmo ocorre com o verbo anterior, "não vos embriagueis com vinho". Os dois imperativos de Efésios 5:18, tanto a proibição como a ordem, são escritos para toda a comunidade cristã. Eles têm aplicação universal. Nenhum de nós deve embriagar-se; todos devemos ser cheios do Espírito. Enfaticamente, a plenitude do Espírito Santo não é um privilégio reservado para alguns, mas uma obrigação de todos. Assim como a exigência de sobriedade e domínio próprio, a ordem de buscar a plenitude do Espírito é dirigida a todo o povo de Deus, sem exceção.

Em terceiro lugar, o verbo está na voz passiva: "Sede enchidos". Uma outra tradução seria: "Deixai-vos encher pelo Espírito". Uma condição importante para gozar da sua plenitude é entregar-se a ele sem reservas. Mesmo assim, não devemos pensar que somos apenas agentes passivos ao recebermos a plenitude do Espírito, assim como quando alguém fica bêbado. Torna-se bêbado bebendo; ficamos cheios do Espírito também bebendo, como já vimos no estudo do ensino do nosso Senhor em João 7:37.

Em quarto lugar, o verbo está no tempo presente. É bem sabido que, na língua grega, se o imperativo está no aoristo, ele se refere a uma ação única; se está no presente, a uma ação contínua. Assim, quando no casamento em Caná, Jesus disse: "Enchei d'água as talhas" (João 2:7), o imperativo aoristo mostra que ele queria que o fizessem somente uma vez. O imperativo presente "sede enchidos com o Espírito", por sua vez, não indica alguma experiência dramática ou determinante, que resolve oproblema para o bem, porém uma apropriação continua.

Um comentário:

  1. Amado irmão, a graça e a paz do nosso Salvador!

    Gosto bastante deste versículo. E todo vez que o releio parece que vem algo novo ao meu coração (parece não, tenho certeza que sim).

    Acabei de reler Efésios na KJV, e achei essa tradução (deixai-vos encher) linda.

    Parabéns!

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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